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Nova Orleans lembra dois anos do Katrina com críticas a Bush
Presidente americano visitou cidade ontem e prometeu mais ajuda governamental; população organizou protesto
Oposição diz que não há "senso de urgência" na Casa Branca para reconstrução;
governo afirma que "ainda está prestando atenção"
DA REDAÇÃO
No aniversário de dois anos
da passagem do furacão Katrina por Nova Orleans, a cidade
americana recebeu ontem a visita do presidente dos Estados
Unidos, George W. Bush, que
anunciou investimentos de
US$ 1,3 bilhão para proteger a
região de novas tempestades.
Depois dos US$ 114 bilhões já
anunciados para uma reconstrução ainda falha, no entanto,
a promessa não impressiona, e
a população organizou marchas em protesto contra a demora na ajuda governamental.
Há dois anos, Bush afirmou
que faria "o que fosse preciso"
para reconstruir Nova Orleans
depois da passagem do Katrina,
que inundou 80% da cidade e
matou mais de 1.600 pessoas
em Louisiana e no Mississippi.
Hoje, segundo o Instituto
Brookings, menos da metade
das escolas públicas de Nova
Orleans reabriu, e dos 118 mil
empregos perdidos, apenas 17
mil foram recriados. Dos 455
mil moradores originais, hoje
apenas 277 mil pessoas vivem
na cidade.
"É difícil para quem está aqui
todo o tempo ver progresso,
mas eu só venho a Nova Orleans em algumas ocasiões. A
cidade está melhor hoje do que
estava ontem, e vai estar muito
melhor amanhã", rebateu
Bush. O presidente anunciou
que serão abertas 80 novas escolas na cidade nos próximos
meses, e afirmou que a infra-estrutura completa para proteção contra tempestades e enchentes em Nova Orleans será
terminada em 2011.
O governo informou também
que US$ 16,7 bilhões em recursos federais foram gastos "como parte do maior programa de
recuperação de moradias na
história dos EUA". "Queremos
que todos saibam que ainda estamos prestando atenção."
Promessas
Para os críticos, as promessas
que o presidente fez em 2005
ainda não foram cumpridas. A
ajuda sofreu ataques por suposto desperdício, coordenação falha e problemas nos contratos
de reconstrução -muitos dos
quais continuam inacabados.
"Houve fracasso na reconstrução de todas as instituições públicas necessárias para uma sociedade civilizada", afirmou anteontem o deputado democrata
James Clyburn.
Em 2005, a demora do governo federal em se dar conta da
extensão dos danos causados a
Nova Orleans gerou uma avalanche de críticas. Ao lado da
guerra no Iraque, o Katrina ajudou a levar o índice de aprovação a Bush a seus piores índices
desde 2001 -cerca de 40%.
A percepção do fracasso em
Nova Orleans continua sendo
usada hoje pelos pré-candidatos democratas à Presidência.
No último domingo, o senador
por Illinois Barack Obama visitou a cidade e comparou a dedicação de Bush ao conflito no
Iraque com a situação em Nova
Orleans. "Eu simplesmente
não acho que há um senso de
urgência na Casa Branca para a
reconstrução", afirmou. Seus
colegas de partido e concorrentes pela candidatura Hillary
Clinton e John Edwards também criticaram Bush e prometeram mais foco na cidade.
Em Nova Orleans, cerca de
mil pessoas participaram ontem de um protesto contra
Bush com cartazes acusando o
governo de assassinato. Gina
Martin, uma das participantes
da marcha, afirmou que não recebeu apoio para voltar a Nova
Orleans depois que sua casa foi
destruída -ela vive hoje em
Houston (Texas). "Bush veio
aqui de novo fazer mais promessas que não cumprirá. O
governo falhou com todos nós",
afirmou.
Clarence Russ, 64, também
criticou as promessas do presidente. "Deveria ter chegado um
monte de dinheiro, mas onde
ele foi parar? Ninguém aqui recebeu nada."
Com "Financial Times" e agências internacionais
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