São Paulo, quinta-feira, 30 de agosto de 2007

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Nova Orleans lembra dois anos do Katrina com críticas a Bush

Presidente americano visitou cidade ontem e prometeu mais ajuda governamental; população organizou protesto

Oposição diz que não há "senso de urgência" na Casa Branca para reconstrução; governo afirma que "ainda está prestando atenção"

DA REDAÇÃO

No aniversário de dois anos da passagem do furacão Katrina por Nova Orleans, a cidade americana recebeu ontem a visita do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, que anunciou investimentos de US$ 1,3 bilhão para proteger a região de novas tempestades. Depois dos US$ 114 bilhões já anunciados para uma reconstrução ainda falha, no entanto, a promessa não impressiona, e a população organizou marchas em protesto contra a demora na ajuda governamental.
Há dois anos, Bush afirmou que faria "o que fosse preciso" para reconstruir Nova Orleans depois da passagem do Katrina, que inundou 80% da cidade e matou mais de 1.600 pessoas em Louisiana e no Mississippi.
Hoje, segundo o Instituto Brookings, menos da metade das escolas públicas de Nova Orleans reabriu, e dos 118 mil empregos perdidos, apenas 17 mil foram recriados. Dos 455 mil moradores originais, hoje apenas 277 mil pessoas vivem na cidade.
"É difícil para quem está aqui todo o tempo ver progresso, mas eu só venho a Nova Orleans em algumas ocasiões. A cidade está melhor hoje do que estava ontem, e vai estar muito melhor amanhã", rebateu Bush. O presidente anunciou que serão abertas 80 novas escolas na cidade nos próximos meses, e afirmou que a infra-estrutura completa para proteção contra tempestades e enchentes em Nova Orleans será terminada em 2011.
O governo informou também que US$ 16,7 bilhões em recursos federais foram gastos "como parte do maior programa de recuperação de moradias na história dos EUA". "Queremos que todos saibam que ainda estamos prestando atenção."

Promessas
Para os críticos, as promessas que o presidente fez em 2005 ainda não foram cumpridas. A ajuda sofreu ataques por suposto desperdício, coordenação falha e problemas nos contratos de reconstrução -muitos dos quais continuam inacabados. "Houve fracasso na reconstrução de todas as instituições públicas necessárias para uma sociedade civilizada", afirmou anteontem o deputado democrata James Clyburn.
Em 2005, a demora do governo federal em se dar conta da extensão dos danos causados a Nova Orleans gerou uma avalanche de críticas. Ao lado da guerra no Iraque, o Katrina ajudou a levar o índice de aprovação a Bush a seus piores índices desde 2001 -cerca de 40%.
A percepção do fracasso em Nova Orleans continua sendo usada hoje pelos pré-candidatos democratas à Presidência. No último domingo, o senador por Illinois Barack Obama visitou a cidade e comparou a dedicação de Bush ao conflito no Iraque com a situação em Nova Orleans. "Eu simplesmente não acho que há um senso de urgência na Casa Branca para a reconstrução", afirmou. Seus colegas de partido e concorrentes pela candidatura Hillary Clinton e John Edwards também criticaram Bush e prometeram mais foco na cidade.
Em Nova Orleans, cerca de mil pessoas participaram ontem de um protesto contra Bush com cartazes acusando o governo de assassinato. Gina Martin, uma das participantes da marcha, afirmou que não recebeu apoio para voltar a Nova Orleans depois que sua casa foi destruída -ela vive hoje em Houston (Texas). "Bush veio aqui de novo fazer mais promessas que não cumprirá. O governo falhou com todos nós", afirmou.
Clarence Russ, 64, também criticou as promessas do presidente. "Deveria ter chegado um monte de dinheiro, mas onde ele foi parar? Ninguém aqui recebeu nada."


Com "Financial Times" e agências internacionais

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