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Acordo militar rende crítica interna a Uribe
DO ENVIADO À COLÔMBIA
Enquanto externamente a
Colômbia é alvo de cobranças dos governos vizinhos,
no país se questiona a constitucionalidade, a violação da
soberania nacional e a falta
de transparência do governo
sobre o acordo que autoriza a
presença de soldados americanos em bases militares.
Até agora, o Senado não teve
acesso ao texto.
"Foi tudo às escondidas.
Quanto mais se negociava,
mais se dizia que não havia
nada", protestou um dos
principais críticos, o senador
Jorge Enrique Robledo, do
Polo Democrático Alternativo, em entrevista à Folha.
Para Robledo, o acordo fere a soberania da Colômbia,
viola a Constituição e compromete a estabilidade e as
relações na região. A Carta
só permite o trânsito e a presença de tropas estrangeiras
no país mediante a aprovação do Senado, o que não
houve. Ele acusa o governo
de não chamar o acordo de
"tratado" para evitar ter de
enviá-lo ao Congresso.
O presidente da Comissão
de Relações Exteriores e Defesa da Casa, o governista
Manuel Enriquez Rosero, e o
senador Juan Manuel Galán
admitiram à reportagem que
o Senado conhece apenas
pontos do acordo.
"Mas o governo disse que
nossas opiniões serão levadas em conta, e confiamos
que vá negociar da melhor
maneira", disse Rosero, para
quem a Colômbia não podia
informar os países vizinhos
sobre negociações em andamento. "Não somos ameaça
a ninguém. Só precisamos
lutar contra o narcotráfico."
Galán afirmou que tem solicitado ao governo explicações sobre o tema, mas ponderou que a Colômbia pediu
a ajuda dos EUA "porque
não encontrou suficiente solidariedade e ajuda na região
para o combate às Farc".
A oposição tenta impedir o
acordo, mas falta força política para tanto. O pré-candidato à Presidência do Partido Liberal, Rafael Pardo,
considera o acordo "uma má
ideia", mas, como seu partido apoia o governo contra o
venezuelano Hugo Chávez,
prefere não se pronunciar
sobre o assunto.
Para Robledo -que acha
"legítimo" o desconforto dos
países vizinhos-, depois da
Colômbia, "o maior ameaçado é o Brasil, que logo será o
maior rival econômico dos
EUA na América Latina".
"Por trás das estratégias de
guerra estão sempre interesses econômicos. Os brasileiros devem se preocupar."
O senador também vê com
preocupação as referências
vagas no tratado a respeito
do combate ao terrorismo.
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