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MISSÃO NO HAITI
Comboio de ex-militares que ocuparam
prédios públicos viaja a Gonaives; força da ONU bloqueia estrada
China envia polícia
antimotim ao Haiti
DA REDAÇÃO
A China enviará 125 agentes da
polícia antimotim no mês que
vem ao Haiti para se juntar à missão de paz da ONU, numa tentativa de melhorar sua imagem internacional. Ontem, tropas da ONU
montaram pontos de bloqueio
em Gonaives à espera de um comboio de ex-militares haitianos armados, que rumavam à cidade
devastada por um furacão para
oferecer "ajuda humanitária".
A equipe chinesa chegará a um
país que tenta se reerguer dos distúrbios que levaram à saída do ex-presidente Jean-Bertrand Aristide, em fevereiro, e da recente passagem do furacão Jeanne, que até
ontem havia deixado 1.554 mortos e 907 desaparecidos, segundo
a defesa civil daquele país.
A China tem participado de
missões de paz desde 2000 no Timor Leste, na Libéria e no Kosovo, entre outros lugares.
Tan Jun, diretor da Divisão de
Missão de Paz do Ministério de
Segurança Pública, disse a jornalistas que "nossa principal responsabilidade é ajudar as tropas
de paz; a ação mais importante é
treinar a polícia local".
A China tem sido acusada de estar aquém de suas responsabilidades como membro do Conselho
de Segurança da ONU, mas vem
aumentando sua ação em temas
internacionais, como abrigar as
negociações em torno do impasse
nuclear com a Coréia do Norte,
que envolvem seis países.
A China não tem relações diplomáticas com o Haiti, cujo governo
reconhece Taiwan, mas Tan disse
que a decisão de enviar ajuda foi a
pedido da ONU e não tem motivação política.
Ex-militares
Ravix Remissanithe, o líder dos
ex-militares que, nas últimas semanas, promoveram uma série
de manifestações e invasões de
prédios públicos pelo país, partiu
ontem com um comboio da cidade de Petit-Goave, controlada pelo grupo, rumo a Gonaives.
Em entrevista à Folha por telefone, Felix Wilso, que se identifica
como comandante dos ex-militares, disse que o comboio tinha
cerca de 400 homens armados
dispostos a ajudar a ONU na distribuição de alimentos, que tem
sido alvo de saques da população
faminta e também gangues, algumas delas armadas.
O comandante das tropas da
ONU, general brasileiro Augusto
Heleno Ribeiro Pereira, disse à
Folha que montou pontos de bloqueio na entrada de Gonaives à
espera do comboio. Ele disse que
a intenção é "dialogar" com os ex-militares e que o comboio é "bem
menor" do que o anunciado, mas
se recusou a dar mais detalhes da
operação.
Com agências internacionais
Colaborou Fabiano Maisonnave, da Redação
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