São Paulo, quinta-feira, 30 de setembro de 2004

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MISSÃO NO HAITI

Comboio de ex-militares que ocuparam prédios públicos viaja a Gonaives; força da ONU bloqueia estrada

China envia polícia antimotim ao Haiti

DA REDAÇÃO

A China enviará 125 agentes da polícia antimotim no mês que vem ao Haiti para se juntar à missão de paz da ONU, numa tentativa de melhorar sua imagem internacional. Ontem, tropas da ONU montaram pontos de bloqueio em Gonaives à espera de um comboio de ex-militares haitianos armados, que rumavam à cidade devastada por um furacão para oferecer "ajuda humanitária".
A equipe chinesa chegará a um país que tenta se reerguer dos distúrbios que levaram à saída do ex-presidente Jean-Bertrand Aristide, em fevereiro, e da recente passagem do furacão Jeanne, que até ontem havia deixado 1.554 mortos e 907 desaparecidos, segundo a defesa civil daquele país.
A China tem participado de missões de paz desde 2000 no Timor Leste, na Libéria e no Kosovo, entre outros lugares.
Tan Jun, diretor da Divisão de Missão de Paz do Ministério de Segurança Pública, disse a jornalistas que "nossa principal responsabilidade é ajudar as tropas de paz; a ação mais importante é treinar a polícia local".
A China tem sido acusada de estar aquém de suas responsabilidades como membro do Conselho de Segurança da ONU, mas vem aumentando sua ação em temas internacionais, como abrigar as negociações em torno do impasse nuclear com a Coréia do Norte, que envolvem seis países.
A China não tem relações diplomáticas com o Haiti, cujo governo reconhece Taiwan, mas Tan disse que a decisão de enviar ajuda foi a pedido da ONU e não tem motivação política.

Ex-militares
Ravix Remissanithe, o líder dos ex-militares que, nas últimas semanas, promoveram uma série de manifestações e invasões de prédios públicos pelo país, partiu ontem com um comboio da cidade de Petit-Goave, controlada pelo grupo, rumo a Gonaives.
Em entrevista à Folha por telefone, Felix Wilso, que se identifica como comandante dos ex-militares, disse que o comboio tinha cerca de 400 homens armados dispostos a ajudar a ONU na distribuição de alimentos, que tem sido alvo de saques da população faminta e também gangues, algumas delas armadas.
O comandante das tropas da ONU, general brasileiro Augusto Heleno Ribeiro Pereira, disse à Folha que montou pontos de bloqueio na entrada de Gonaives à espera do comboio. Ele disse que a intenção é "dialogar" com os ex-militares e que o comboio é "bem menor" do que o anunciado, mas se recusou a dar mais detalhes da operação.


Com agências internacionais
Colaborou Fabiano Maisonnave, da Redação


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