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Vitorioso, Correa controla transição
"Congressinho" de maioria governista que funcionará até novas eleições definirá regras para troca de juízes
Ao contrário do previsto em bocas-de-urna, presidente equatoriano sofre derrota em Guayaquil, governada por prefeito da oposição
Robert Puglla/Efe
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Partidários do presidente do Equador, Rafael Correa, festejam aprovação da nova Constituição do país em Guayaquil, onde o "sim" foi derrotado por pequena margem
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A QUITO
Um dia depois do referendo
que ratificou a nova Constituição do Equador, deputados
constituintes aliados ao presidente Rafael Correa se reuniram ontem em Quito para discutir a instalação do controvertido Regime de Transição, durante o qual haverá eleições gerais e serão renovados todos os
membros do Judiciário e das
demais instituições do Estado.
Com 95,65% dos votos apurados, o "sim" à Constituição
impulsionada por Correa registrava 64,01% dos votos, contra
28,05% para o "não". O resultado confirma projeções da maioria das bocas-de-urna e da contagem rápida divulgadas na
noite de domingo.
Sem a homologação do resultado oficial, a reunião em Quito
teve caráter informal e serviu
principalmente para discutir o
tamanho do "Congresillo", como é chamado o comitê de
transição, que será formado
por ex-constituintes. As propostas variam desde 30 membros até todos os 130 integrantes da Assembléia.
Já na Corte Suprema de Justiça, os 31 juízes começaram a
limpar as gavetas ontem -pelas disposições transitórias,
eles perderão o emprego dez
dias após a proclamação dos resultados. O atual órgão máximo
do Judiciário será substituído
pela Corte Nacional de Justiça,
formada por 21 juízes provisórios, escolhidos por sorteio.
A nomeação dos novos juízes
e outras autoridades é uma das
principais polêmicas em torno
da nova Constituição. Para analistas e a oposição, Correa poderá nomear aliados e, dessa
forma, controlar as instituições
do Estado. Os governistas afirmam que o processo de escolha
será principalmente por meio
de concursos públicos, sem ingerência do Executivo.
Reviravolta em Guayaquil
A única surpresa da contagem oficial ficou por conta de
Guayaquil, a maior cidade do
país, onde as projeções indicavam uma vitória apertada do
"sim". A apuração do Tribunal
Superior Eleitoral, porém,
mostra a vitória do "não", defendido pelo prefeito opositor
Jaime Nebot, com 47%, contra
45,7% para o "sim".
A virada foi uma surpresa para o governo. Anteontem à noite, Correa chegou a dizer que a
vitória em sua cidade natal havia sido "retumbante". Nos últimos dias, ele concentrou os
esforços de campanha em Guayaquil, pólo econômico e maior
reduto oposicionista.
Ontem, Nebot, que havia
prometido não buscar a reeleição se o "sim" vencesse em sua
cidade, chamou de "falta de respeito ao povo guayaquilenho" a
comemoração de Correa na
noite anterior. Já Correa, em
encontro com jornalistas estrangeiros, minimizou a iminente derrota em Guayaquil ao
dizer que o importante era o resultado nacional. Em alusão a
Nebot, disse que "sempre haverá a possibilidade de que certas
elites separatistas de Guayaquil
continuem com o seu afã de ter
um mundo à parte".
O consolo governista é que,
na Província de Guayas, da qual
Guayaquil é capital, o "sim"
vencia com 50,8%, contra
41,4% para o "não".
Hoje, Correa viaja a Manaus,
onde se encontrará com os presidentes Luiz Inácio Lula da
Silva, Evo Morales (Bolívia) e
Hugo Chávez (Venezuela).
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