São Paulo, terça-feira, 30 de setembro de 2008

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Dividida, oposição facilita ratificação de líder

DO ENVIADO A QUITO

Sem nenhum nome de nível nacional, a oposição dificilmente será um desafio nas eleições presidenciais do início do ano que vem, quando Rafael Correa deverá se apresentar para ser ratificado no cargo.
Atualmente, o principal opositor a Correa é o prefeito de Guayaquil, Jaime Nebot, que deve tentar se reeleger nas eleições gerais, que serão no final de janeiro ou em fevereiro.
"Nebot não tem uma agenda nacional, e a oposição está muito dividida. Neste momento, não se percebe uma oposição com possibilidades de ganhar do presidente", disse à Folha Walter Spurrier, diretor do Análise Semana, publicação voltada ao meio empresarial, com sede em Guayaquil.
Para o analista, a crise da oposição é resultado da instabilidade política dos governos pré-Correa -os três presidentes eleitos anteriores a ele não terminaram seus mandatos, reforçando o discurso do líder esquerdista contra a "velha partidocracia".
Um dos principais líderes da oposição, o ex-candidato presidencial León Roldós (Esquerda Democrática, centro-esquerda), afirma que a diminuição dos espaços da oposição se deve ao desequilíbrio de forças com o governo.
"Durante a campanha, ele não respeitou nenhuma regra, nenhuma lei. A porcentagem [da vitória do "sim" no referendo] não assusta, o tema é se estamos vivendo num Estado de Direito", disse ontem à Folha.
Roldós, que participou da Assembléia Constituinte, descartou se candidatar nas eleições gerais. "Eu não serei candidato a nada. Eu me dedicarei a uma investigação para provar que a nova Carta é uma fraude e que o povo equatoriano não votou livremente, foi vítima de uma campanha multimilionária".
De acordo com Spurrier, na ausência de uma oposição nacional, o grande risco para Correa é o recrudescimento da resistência a ele em Guayaquil, principal pólo econômico do país e historicamente refratário ao centralismo de Quito.
"Quanto mais o Estado move a economia, mais ausente fica Guayaquil do benefício econômico. Quando o governo central tem força demais, aqui se sente que começa a haver dificuldades econômicas" afirma.
De acordo com analistas, Correa, além de ser o franco favorito à reeleição presidencial, também deve obter uma ampla maioria no futuro Congresso. O presidente equatoriano também obteve folgadas vitórias no referendo que convocou a Assembléia e na eleição dos constituintes. (FM)



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