São Paulo, terça-feira, 30 de setembro de 2008

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De saída, Olmert defende devolução de territórios

Premiê israelense fala em entregar Cisjordânia e até parte de Jerusalém a palestinos

Ele também sugere cessão de Golã à Síria; declarações feitas dias após entrega de renúncia geram críticas de esquerda e direita em Israel

DA REDAÇÃO

De saída do cargo, o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, disse que seu país deve se retirar de "praticamente todo" o território ocupado desde a Guerra dos Seis Dias (1967), em prol de entendimentos de paz com sírios e palestinos.
Ele defendeu a saída da Cisjordânia, pretendida pelos palestinos, e das colinas de Golã, que a Síria quer de volta.
"Precisamos de um acordo com os palestinos. Na prática, vamos nos retirar de quase todos os territórios, se não de todos. Poderemos deixar um percentual desses territórios em nossas mãos, mas teremos que dar aos palestinos um percentual similar porque, sem isso, não haverá paz", disse Olmert em entrevista ao jornal israelense "Yedioth Ahronoth".
Ele ainda recuou de sua posição histórica sobre Jerusalém Oriental -pela primeira vez, cogitou a saída dos israelenses do controle desse setor.
"Quem desejar manter todo o território da cidade terá que trazer para dentro das cercas da soberania de Israel 270 mil árabes [moradores do lado oriental]. Não vai funcionar."
Quando foi prefeito de Jerusalém e como parlamentar, Olmert sempre foi contrário a tratativas acerca da cidade, encorajando a implantação de comunidades judaicas na seção oriental para consolidar a força israelense na área.
"Admito que fui o primeiro que quis reforçar a soberania israelense em toda a cidade", disse o primeiro-ministro, antes de reconhecer que, durante décadas, "não estava preparado para ver a realidade em toda sua profundidade".
Para Olmert, a devolução das colinas de Golã acarretaria risco. Mas ele minimizou a ameaça: "Quem deseja operar com risco zero deve mudar-se para a Suíça ou para a Islândia".
"Estou falando o que nenhum líder de Israel disse até hoje: que deveríamos nos retirar de quase todos os territórios, incluindo Jerusalém Oriental e as colinas de Golã", salientou Olmert, que apresentou sua renúncia do cargo no último dia 21, desgastado por um escândalo de corrupção.
Ele continua no cargo até que a chanceler Tzipi Livni, vencedora das eleições primárias do Kadima, partido com a maioria no Parlamento, consiga formar uma nova coalizão de governo.

Críticas
As declarações de Olmert geraram críticas de israelenses de esquerda e direita e dos palestinos. Lideranças de esquerda reclamaram do fato de Olmert ter falado quando não goza mais de força política para implantar as medidas nem tampouco de credibilidade para realizar as concessões territoriais.
Avigdor Lieberman, líder do partido ultraconservador Yisrael Beiteinu, definiu como "insanas" as propostas do premiê.
Por sua vez, Riyad al Malki, ministro das Relações Exteriores palestino, afirmou que gostaria que Olmert "tivesse exposto sua opinião pessoal" antes da renúncia. "É um compromisso muito importante, mas veio tão tarde. Desejamos que possa ser completado pelo [próximo] governo israelense."

Com agências internacionais



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