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De saída, Olmert defende devolução de territórios
Premiê israelense fala em entregar Cisjordânia e até parte de Jerusalém a palestinos
Ele também sugere cessão de Golã à Síria; declarações feitas dias após entrega de renúncia geram críticas de esquerda e direita em Israel
DA REDAÇÃO
De saída do cargo, o primeiro-ministro israelense, Ehud
Olmert, disse que seu país deve
se retirar de "praticamente todo" o território ocupado desde
a Guerra dos Seis Dias (1967),
em prol de entendimentos de
paz com sírios e palestinos.
Ele defendeu a saída da Cisjordânia, pretendida pelos palestinos, e das colinas de Golã,
que a Síria quer de volta.
"Precisamos de um acordo
com os palestinos. Na prática,
vamos nos retirar de quase todos os territórios, se não de todos. Poderemos deixar um percentual desses territórios em
nossas mãos, mas teremos que
dar aos palestinos um percentual similar porque, sem isso,
não haverá paz", disse Olmert
em entrevista ao jornal israelense "Yedioth Ahronoth".
Ele ainda recuou de sua posição histórica sobre Jerusalém
Oriental -pela primeira vez,
cogitou a saída dos israelenses
do controle desse setor.
"Quem desejar manter todo
o território da cidade terá que
trazer para dentro das cercas
da soberania de Israel 270 mil
árabes [moradores do lado
oriental]. Não vai funcionar."
Quando foi prefeito de Jerusalém e como parlamentar, Olmert sempre foi contrário a tratativas acerca da cidade, encorajando a implantação de comunidades judaicas na seção
oriental para consolidar a força
israelense na área.
"Admito que fui o primeiro
que quis reforçar a soberania
israelense em toda a cidade",
disse o primeiro-ministro, antes de reconhecer que, durante
décadas, "não estava preparado
para ver a realidade em toda
sua profundidade".
Para Olmert, a devolução das
colinas de Golã acarretaria risco. Mas ele minimizou a ameaça: "Quem deseja operar com
risco zero deve mudar-se para a
Suíça ou para a Islândia".
"Estou falando o que nenhum líder de Israel disse até
hoje: que deveríamos nos retirar de quase todos os territórios, incluindo Jerusalém
Oriental e as colinas de Golã",
salientou Olmert, que apresentou sua renúncia do cargo no
último dia 21, desgastado por
um escândalo de corrupção.
Ele continua no cargo até que
a chanceler Tzipi Livni, vencedora das eleições primárias do
Kadima, partido com a maioria
no Parlamento, consiga formar
uma nova coalizão de governo.
Críticas
As declarações de Olmert geraram críticas de israelenses de
esquerda e direita e dos palestinos. Lideranças de esquerda reclamaram do fato de Olmert ter
falado quando não goza mais de
força política para implantar as
medidas nem tampouco de credibilidade para realizar as concessões territoriais.
Avigdor Lieberman, líder do
partido ultraconservador Yisrael Beiteinu, definiu como "insanas" as propostas do premiê.
Por sua vez, Riyad al Malki,
ministro das Relações Exteriores palestino, afirmou que gostaria que Olmert "tivesse exposto sua opinião pessoal" antes da renúncia. "É um compromisso muito importante, mas
veio tão tarde. Desejamos que
possa ser completado pelo
[próximo] governo israelense."
Com agências internacionais
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