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Polícia retém diplomata brasileiro por uma hora
DO ENVIADO A TEGUCIGALPA
O diplomata brasileiro Lineu
de Paula precisou de cerca de
uma hora para passar pelo controle policial e entrar ontem na
Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, onde se reveza com o
colega Francisco Catunda no
plantão dentro do prédio.
"Na hora de entrar, pediram
o meu carnê diplomático. Falei
que só tinha o passaporte diplomático. Esperei por meia hora
até que o oficial voltasse e me
dirigisse até outra barreira, onde, depois de esperar mais 10 a
15 minutos, conversei com uma
funcionária da Chancelaria e
outro oficial da polícia até me
liberarem", afirmou De Paula à
reportagem da Folha.
De Paula, ministro-conselheiro da missão do Brasil na
OEA (Organização dos Estados
Americanos), disse que os policiais usaram critérios diferentes em cada uma das três vezes
que entrou no prédio. "Na primeira vez, foi rápido. Na segunda vez, fizeram uma revista minuciosa. Na terceira vez, quase
impediram a entrada, mas nem
sequer fui revistado."
O diplomata disse que está
preocupado de que, se sair novamente, não possa voltar ao
prédio. Ele está negociando
com o governo interino uma
garantia de que possa entrar e
sair do prédio diplomático sem
maiores problemas.
Por outro lado, o governo
golpista autorizou a retirada
dos automóveis de funcionários da embaixada, após oito
dias. Ao todo, cinco foram retirados -outros dois, oficiais,
permaneceram no local.
A retirada teve de ser feita
pelo próprio De Paula, que dirigiu os carros até metros depois
da saída. Ali, vários policiais esperavam para fazer uma minuciosa revisão, sob os olhares
dos funcionários, autorizados a
ficar do lado de fora.
Uma funcionária pediu a De
Paula que voltasse ao prédio,
retirasse o computador da tomada por medo de incêndio e
que colocasse no quintal uma
planta "que estava morrendo"
em sua sala.
Pouco antes, oito "moradores" da embaixada deixaram o
prédio, acompanhados de um
promotor do Ministério Público. Com as recentes saídas, a
representação brasileira, que
chegou a abrigar pouco mais de
300 pessoas há nove dias, tem
agora cerca de 50.
Entre os que saíram ontem
estava o filho de Zelaya, José
Manuel, e a namorada. Ambos
têm 20 anos e estão no primeiro ano do curso de relações internacionais numa universidade privada da capital. Eles dormiam no escritório do embaixador, com Zelaya e a mulher.
Na saída, um dos militantes,
Isaac Bran, foi algemado -ele
tinha uma ordem de captura
por ser considerado desertor. A
pedido da mulher de Zelaya,
Xiomara Castro, que acompanhava a operação na calçada de
fora, ele foi desalgemado.
Durante a espera, que durou
pouco mais de meia hora, Xiomara conversou com funcionários do Ministério Público e
permaneceu parte do tempo
abraçada ao filho.
(FM)
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