São Paulo, quarta-feira, 30 de setembro de 2009

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Polícia retém diplomata brasileiro por uma hora

DO ENVIADO A TEGUCIGALPA

O diplomata brasileiro Lineu de Paula precisou de cerca de uma hora para passar pelo controle policial e entrar ontem na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, onde se reveza com o colega Francisco Catunda no plantão dentro do prédio.
"Na hora de entrar, pediram o meu carnê diplomático. Falei que só tinha o passaporte diplomático. Esperei por meia hora até que o oficial voltasse e me dirigisse até outra barreira, onde, depois de esperar mais 10 a 15 minutos, conversei com uma funcionária da Chancelaria e outro oficial da polícia até me liberarem", afirmou De Paula à reportagem da Folha.
De Paula, ministro-conselheiro da missão do Brasil na OEA (Organização dos Estados Americanos), disse que os policiais usaram critérios diferentes em cada uma das três vezes que entrou no prédio. "Na primeira vez, foi rápido. Na segunda vez, fizeram uma revista minuciosa. Na terceira vez, quase impediram a entrada, mas nem sequer fui revistado."
O diplomata disse que está preocupado de que, se sair novamente, não possa voltar ao prédio. Ele está negociando com o governo interino uma garantia de que possa entrar e sair do prédio diplomático sem maiores problemas.
Por outro lado, o governo golpista autorizou a retirada dos automóveis de funcionários da embaixada, após oito dias. Ao todo, cinco foram retirados -outros dois, oficiais, permaneceram no local.
A retirada teve de ser feita pelo próprio De Paula, que dirigiu os carros até metros depois da saída. Ali, vários policiais esperavam para fazer uma minuciosa revisão, sob os olhares dos funcionários, autorizados a ficar do lado de fora.
Uma funcionária pediu a De Paula que voltasse ao prédio, retirasse o computador da tomada por medo de incêndio e que colocasse no quintal uma planta "que estava morrendo" em sua sala.
Pouco antes, oito "moradores" da embaixada deixaram o prédio, acompanhados de um promotor do Ministério Público. Com as recentes saídas, a representação brasileira, que chegou a abrigar pouco mais de 300 pessoas há nove dias, tem agora cerca de 50.
Entre os que saíram ontem estava o filho de Zelaya, José Manuel, e a namorada. Ambos têm 20 anos e estão no primeiro ano do curso de relações internacionais numa universidade privada da capital. Eles dormiam no escritório do embaixador, com Zelaya e a mulher.
Na saída, um dos militantes, Isaac Bran, foi algemado -ele tinha uma ordem de captura por ser considerado desertor. A pedido da mulher de Zelaya, Xiomara Castro, que acompanhava a operação na calçada de fora, ele foi desalgemado.
Durante a espera, que durou pouco mais de meia hora, Xiomara conversou com funcionários do Ministério Público e permaneceu parte do tempo abraçada ao filho. (FM)


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