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Defesa pede plano para resgatar brasileiros
Ministério determina às Forças Armadas que elaborem plano de contingência para retirar cidadãos do país de Honduras
Decisão foi tomada de modo autônomo e não por pedido do Itamaraty; ida de missão do Congresso a Tegucigalpa desagrada Forças Armadas
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Uma ordem dentro do Ministério da Defesa determinou às
Forças Armadas a preparação
de um plano de contingência
específico para o caso de ser necessário o resgate de brasileiros
em Honduras.
A organização logística do
plano está a cargo do Estado
Maior de Defesa, instância responsável na área militar por esse tipo de missão. Segundo a
Folha apurou, o assunto é tratado de maneira discreta. Há
um esforço para evitar demonstrar animosidade em relação a Honduras.
A rigor, as Forças Armadas já
mantêm várias opções prontas
para esse tipo de situação. Agora, trata-se de uma adaptação
para servir às necessidades de
operação no país centro-americano. Na hipótese de emergência, será preciso ter à disposição pessoal e aviões brasileiros
posicionados e em condições
de chegar ao território hondurenho -ou até a fronteira daquele país- em três ou quatro
horas, no máximo.
A decisão do Ministério da
Defesa foi tomada de maneira
autônoma, sem interação com
o setor diplomático brasileiro.
O Itamaraty não fez nenhum tipo de pedido.
Essa falta de contato entre as
duas pastas foi razão de algum
descontentamento por parte
de militares, segundo a Folha
pôde apurar. Desde o início da
crise, o Ministério das Relações
Exteriores não repassou informações qualificadas a respeito
da real situação em Honduras.
O Ministério da Defesa
acompanha o que se passa em
Honduras basicamente por
meio da mídia. Ainda que não
seja necessário usar o plano de
contingência, a decisão militar
foi tomada para que não ocorram surpresas de última hora.
Dentro da Defesa, todos os
responsáveis envolvidos no
traçado do plano enfatizam
não se tratar de algo parecido a
uma intervenção militar -possibilidade descartada publicamente anteontem pelo ministro Nelson Jobim. Não existe
esse tipo de orientação.
Os detalhes da operação não
serão revelados, por razões de
segurança. Sabe-se, entretanto,
que a preferência será pelo uso
de aviões. Não há nada programado para navios da Marinha
serem deslocados para a região
da América Central.
Missão do Congresso
Enquanto a logística para o
plano de contingência é preparada, os militares avaliam de
maneira negativa a missão de
cinco deputados federais brasileiros que embarca hoje de manhã para Tegucigalpa, capital
de Honduras.
Os congressistas vão usar um
avião da FAB (Força Aérea Brasileira), requisitado pelo presidente da Câmara, Michel Temer. Embora a aeronave não vá
pousar em Honduras (ficará
em El Salvador), a Defesa acredita que a missão pode piorar a
percepção do atual governo
hondurenho sobre as intenções
do Brasil.
A ida dos cinco congressistas
fez com que fossem aceleradas
as ações logísticas para um
eventual resgate de brasileiros
em Honduras. Não há segurança sobre o número de pessoas
que teria de ser retirada do país
em caso emergencial.
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