São Paulo, quarta-feira, 30 de setembro de 2009

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Defesa pede plano para resgatar brasileiros

Ministério determina às Forças Armadas que elaborem plano de contingência para retirar cidadãos do país de Honduras

Decisão foi tomada de modo autônomo e não por pedido do Itamaraty; ida de missão do Congresso a Tegucigalpa desagrada Forças Armadas


FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Uma ordem dentro do Ministério da Defesa determinou às Forças Armadas a preparação de um plano de contingência específico para o caso de ser necessário o resgate de brasileiros em Honduras.
A organização logística do plano está a cargo do Estado Maior de Defesa, instância responsável na área militar por esse tipo de missão. Segundo a Folha apurou, o assunto é tratado de maneira discreta. Há um esforço para evitar demonstrar animosidade em relação a Honduras.
A rigor, as Forças Armadas já mantêm várias opções prontas para esse tipo de situação. Agora, trata-se de uma adaptação para servir às necessidades de operação no país centro-americano. Na hipótese de emergência, será preciso ter à disposição pessoal e aviões brasileiros posicionados e em condições de chegar ao território hondurenho -ou até a fronteira daquele país- em três ou quatro horas, no máximo.
A decisão do Ministério da Defesa foi tomada de maneira autônoma, sem interação com o setor diplomático brasileiro. O Itamaraty não fez nenhum tipo de pedido.
Essa falta de contato entre as duas pastas foi razão de algum descontentamento por parte de militares, segundo a Folha pôde apurar. Desde o início da crise, o Ministério das Relações Exteriores não repassou informações qualificadas a respeito da real situação em Honduras.
O Ministério da Defesa acompanha o que se passa em Honduras basicamente por meio da mídia. Ainda que não seja necessário usar o plano de contingência, a decisão militar foi tomada para que não ocorram surpresas de última hora.
Dentro da Defesa, todos os responsáveis envolvidos no traçado do plano enfatizam não se tratar de algo parecido a uma intervenção militar -possibilidade descartada publicamente anteontem pelo ministro Nelson Jobim. Não existe esse tipo de orientação.
Os detalhes da operação não serão revelados, por razões de segurança. Sabe-se, entretanto, que a preferência será pelo uso de aviões. Não há nada programado para navios da Marinha serem deslocados para a região da América Central.

Missão do Congresso
Enquanto a logística para o plano de contingência é preparada, os militares avaliam de maneira negativa a missão de cinco deputados federais brasileiros que embarca hoje de manhã para Tegucigalpa, capital de Honduras.
Os congressistas vão usar um avião da FAB (Força Aérea Brasileira), requisitado pelo presidente da Câmara, Michel Temer. Embora a aeronave não vá pousar em Honduras (ficará em El Salvador), a Defesa acredita que a missão pode piorar a percepção do atual governo hondurenho sobre as intenções do Brasil.
A ida dos cinco congressistas fez com que fossem aceleradas as ações logísticas para um eventual resgate de brasileiros em Honduras. Não há segurança sobre o número de pessoas que teria de ser retirada do país em caso emergencial.


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