|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.
Ex-refém colombiana ensina técnicas de negociação
Em SP, ex-senadora Ingrid Betancourt, presa durante 6 anos pelas Farc, dá palestra para 800 executivos
LUCIANO BOTTINI FILHO
DE SÃO PAULO
Aplaudida de pé quatro
vezes por uma plateia de 800
executivos, Ingrid Betancourt, ex-senadora colombiana sequestrada pelas Farc
(Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), veio ao
Brasil ensinar negociação.
Com assentos a R$ 4.500, o
seminário promovido pela
HSM Management, produtora de eventos de gestão no
Brasil, fez Ingrid explicar, em
um teatro de São Paulo, o que
foi preciso administrar presa
ao lado de dez desconhecidos. A organização não disse
se ela recebeu cachê.
"Na mão das Farc, tudo era
negociação, sem ter nada a
oferecer em troca", disse a
ex-senadora, que foi resgatada em 2008 pelo Exército da
Colômbia, sem nunca ter intermediado ela mesma a própria liberdade.
A apreensão de todos os
rádios dos prisioneiros foi
contada como um "case" de
resolução de conflitos.
"Era o direito mais importante do mundo no cativeiro", recorda Ingrid. A ex-senadora ouvia diariamente os
programas com mensagens
dos parentes dos 3.000 sequestrados da Colômbia.
Ela decidiu então esconder seu aparelho. A cela, no
entanto, estava dividida.
O grupo oposto resolveu
fazer uma chantagem para
que ela entregasse o rádio, e
o acordo só surgiu com a proposta de manter o objeto em
posse compartilhada.
Outro exemplo de Ingrid
foi como conseguiu fazer atividades físicas em uma quadra de esportes improvisada.
Os guerrilheiros não estavam permitindo que os sequestrados se exercitassem.
O comandante elogiou o poder de persuasão de Ingrid:
"Disse que eu usei as palavras certas, no tom certo, no
momento certo".
Além de negociação, Ingrid comentou o relato publicado em 2009 em um livro de
três mercenários americanos
colegas de cárcere.
Os depoimentos descrevem a companheira como
truculenta e insensível, ao
pegar a comida dos demais e
ao criar intrigas que colocaram o grupo em perigo.
Ingrid sugere que as críticas resultaram do horror na
selva."Eles eram minha família e em uma família você
não pode escolher com quem
irá conviver", justificou ela,
que lançou seu próprio livro,
"Não há silêncio que termine" (Cia. das Letras).
Texto Anterior: Suposto colega cobra para dar entrevistas Próximo Texto: Minha história - Kenza Drider, 31: Uso véu e daí? Índice | Comunicar Erros
|