São Paulo, quinta-feira, 30 de setembro de 2010

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Ex-refém colombiana ensina técnicas de negociação

Em SP, ex-senadora Ingrid Betancourt, presa durante 6 anos pelas Farc, dá palestra para 800 executivos

LUCIANO BOTTINI FILHO
DE SÃO PAULO

Aplaudida de pé quatro vezes por uma plateia de 800 executivos, Ingrid Betancourt, ex-senadora colombiana sequestrada pelas Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), veio ao Brasil ensinar negociação.
Com assentos a R$ 4.500, o seminário promovido pela HSM Management, produtora de eventos de gestão no Brasil, fez Ingrid explicar, em um teatro de São Paulo, o que foi preciso administrar presa ao lado de dez desconhecidos. A organização não disse se ela recebeu cachê.
"Na mão das Farc, tudo era negociação, sem ter nada a oferecer em troca", disse a ex-senadora, que foi resgatada em 2008 pelo Exército da Colômbia, sem nunca ter intermediado ela mesma a própria liberdade.
A apreensão de todos os rádios dos prisioneiros foi contada como um "case" de resolução de conflitos.
"Era o direito mais importante do mundo no cativeiro", recorda Ingrid. A ex-senadora ouvia diariamente os programas com mensagens dos parentes dos 3.000 sequestrados da Colômbia.
Ela decidiu então esconder seu aparelho. A cela, no entanto, estava dividida.
O grupo oposto resolveu fazer uma chantagem para que ela entregasse o rádio, e o acordo só surgiu com a proposta de manter o objeto em posse compartilhada.
Outro exemplo de Ingrid foi como conseguiu fazer atividades físicas em uma quadra de esportes improvisada.
Os guerrilheiros não estavam permitindo que os sequestrados se exercitassem. O comandante elogiou o poder de persuasão de Ingrid: "Disse que eu usei as palavras certas, no tom certo, no momento certo".
Além de negociação, Ingrid comentou o relato publicado em 2009 em um livro de três mercenários americanos colegas de cárcere.
Os depoimentos descrevem a companheira como truculenta e insensível, ao pegar a comida dos demais e ao criar intrigas que colocaram o grupo em perigo.
Ingrid sugere que as críticas resultaram do horror na selva."Eles eram minha família e em uma família você não pode escolher com quem irá conviver", justificou ela, que lançou seu próprio livro, "Não há silêncio que termine" (Cia. das Letras).


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