São Paulo, sexta-feira, 30 de setembro de 2011

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Bahrein condena médicos e enfermeiros

Penas, que vão de 5 a 15 anos, devem-se a acusações que incluem a 'disseminação de mentiras e histórias fabricadas'

Entre os sentenciados está Ali al Iqri, um dos cirurgiões mais aclamados do país; ele foi detido em março

BARBARA SURK
DA ASSOCIATED PRESS

O Bahrein sentenciou ontem um grupo de 20 médicos e enfermeiros a penas que vão de 5 a 15 anos de prisão. Também ontem, um manifestante foi sentenciado à pena de morte no país.
As medidas indicam que as autoridades sunitas no país não vão ceder: vão castigar todos os que acusam de apoiar a oposição xiita. Segundo o governo, os médicos foram condenados por acusações que incluem a participação em esforços para "derrubar o regime" e a "disseminação de mentiras e histórias fabricadas".
Grupos de defesa dos direitos humanos criticaram fortemente as sentenças. "São acusações simplesmente absurdas contra profissionais civis que estavam trabalhando para salvar vidas", disse Philip Luther, da Anistia Internacional.
Centenas de ativistas já foram detidos desde março, quando os governantes do Bahrein impuseram lei marcial para reprimir os protestos por parte da maioria xiita do país, reivindicando liberdades e direitos maiores. Mais de 30 pessoas foram mortas desde que os protestos começaram, em fevereiro, inspirados por levantes árabes em outros países.

PRISÃO PERPÉTUA
O anúncio das penas de ontem chegou um dia depois de o tribunal ter confirmado as sentenças dadas a 21 ativistas condenados por atuação nos protestos, entre os quais oito figuras políticas destacadas que foram condenadas por tentar depor os governantes do reino e sentenciadas à prisão perpétua.
O julgamento dos médicos vem sendo acompanhado por grupos de defesa dos direitos humanos, que criticam a corte de segurança -que tem promotores militares e juízes civis e militares.
A dinastia sunita, que governa a ilha há mais de 200 anos, conservou o apoio do Ocidente e de países vizinhos no Golfo ao longo dos meses de protestos e repressão.
Entre os médicos sentenciados a 15 anos está Ali al Iqri, um dos cirurgiões mais aclamados do país. Como outros dos acusados, ele trabalhava no Centro Médico Salmaniya, um hospital público na capital, Manama.
Al Iqri foi detido pelas forças de segurança em março. De acordo com enfermeiros e seus parentes, ele foi arrancado de uma sala de cirurgia depois de o Exército bareinita ter invadido o hospital.

Tradução de CLARA ALLAIN


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