São Paulo, sábado, 30 de novembro de 2002

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TERROR

12 deles são estrangeiros, entre os quais 6 paquistaneses e 4 somalis; Israel promete "caçar" autores dos ataques a hotel e avião

Quênia prende 13 suspeitos por atentados

Pedro Ugarte/France Presse
Agentes de Israel trabalham nos escombros do hotel atacado


DA REDAÇÃO

A polícia do Quênia disse ontem ter prendido ao menos 13 pessoas suspeitas de envolvimento no atentado duplo contra alvos israelenses que matou 16 pessoas em Mombaça, anteontem.
Um porta-voz disse que 12 deles são estrangeiros e apenas um, queniano. "Sentimos que alguns dos presos possuem informações que podem nos ser úteis", disse o comissário de polícia Philemon Abong'o. Ele se negou a informar a nacionalidade dos detidos, mas outra autoridade, que pediu para não ter sua identidade revelada, disse se tratar de seis paquistaneses, quatro somalis, uma americana e um espanhol.
O governo de Israel prometeu lançar uma caçada para encontrar os responsáveis pela ação com carro-bomba no hotel Paradise e pelos disparos fracassados de dois mísseis contra uma aeronave da companhia Arkia, que decolava com destino a Tel Aviv com mais de 270 pessoas a bordo.
"Nosso longo braço pegará os que atacaram e aqueles que os enviaram", disse o premiê israelense, Ariel Sharon, após ser reeleito líder do partido Likud nas primárias para a eleição de janeiro. "Israel caçará aqueles que derramaram o sangue de seus cidadãos. Nenhum deles escapará ileso."
Um casal com passaportes americanos está entre os detidos -segundo o gerente do hotel onde se hospedaram, Ben Wafula, o homem (de aparência "italiana ou espanhola") e a mulher ("loira") disseram ser da Flórida.
Wafula contou que ambos chegaram ao seu hotel, a cerca de 5 km do local da explosão do carro-bomba, na terça-feira. Anteontem, duas horas após o atentado, decidiram partir. Seus funcionários avisaram à polícia, que os prendeu para interrogatório.
Os policiais quenianos buscavam pessoas de aparência árabe. Autoridades israelenses e dos EUA apontam a rede terrorista Al Qaeda como a principal suspeita pela autoria das ações.
O grupo liderado pelo saudita Osama bin Laden não assumiu que tenha ligações com o ocorrido. Especialistas dizem que ataques sincronizados contra alvos em mais de uma localidade são característica da estrutura profissional do terror da Al Qaeda.
Um oficial americano disse à agência de notícias Reuters que um grupo extremista islâmico da Somália, o Al-Itihad al-Islamiya (também conhecido como AIAI, ou União Islâmica), encabeça a lista de organizações suspeitas pelos ataques. O AIAI possui vínculos com a Al Qaeda e é bastante ativo na região do chifre da África.
Um grupo até então desconhecido, auto-intitulado "Exército da Palestina", assumiu a autoria do duplo atentado. Não houve, porém, confirmação de que a sua declaração fosse verdadeira.
Nabil Shaath, ministro da Cooperação Internacional da Autoridade Nacional Palestina (ANP), afirmou ontem que nenhuma organização palestina está envolvida com os ataques.
Segundo a polícia queniana, os agressores que tentaram abater o avião com mísseis -provavelmente disparados de um dispositivo portátil- foram vistos num veículo Pajero branco. Testemunhas dizem ter visto três homens de aparência árabe nesse carro.

Alerta australiano
O chanceler da Austrália, Alexander Downer, confirmou ontem que seu governo recebeu informações, há mais de duas semanas, que alertavam sobre o risco de uma ação terrorista em Mombaça. Em 12 de novembro o país advertiu os australianos a cancelar viagens à cidade devido a "possíveis ataques terroristas".
A mesma informação circulou nas capitais européias. A Chancelaria do Reino Unido é alvo de críticas por não ter levado a sério os riscos e ter divulgado apenas uma "advertência geral" aos viajantes sobre os perigos de ir ao Quênia.
Investigadores enviados por Israel e pelos EUA ao país africano Oriental continuavam ontem a buscar pistas sobre os autores do atentado ao hotel Paradise. Três israelenses (entre eles dois irmãos, de 12 e 13 anos, do assentamento de Ariel, na Cisjordânia), dez quenianos e três suicidas morreram na explosão.
As Forças Armadas israelenses enviaram médicos, psicólogos e soldados ao Quênia para buscar as pessoas feridas e cerca de 300 turistas de Israel que interromperam as férias e voltaram para casa.


Com agências internacionais

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