DA REDAÇÃO

O papa João Paulo 2º lamentou ontem, no Vaticano, que atos terroristas e violência estejam desunindo o mundo, mencionando um "choque de civilizações que, às vezes, parece inevitável".
O papa, que falou durante um encontro universitário e pontifical, exortou os estudantes que estavam no local a "serem sensíveis aos valores das várias culturas em relação à mensagem evangélica".
"Sem renunciar à defesa da força da mensagem evangélica, é importante que, no mundo atual, os cristãos sejam homens inclinados ao diálogo. É crucial que os cristãos trabalhem para evitar um choque de civilizações que, às vezes, parece inevitável", declarou João Paulo 2º.
Ele disse à audiência que o momento que vivemos não é fácil. "Violência, terrorismo, conflitos e guerra somente servem para colocar novos muros entre as pessoas", afirmou o papa.
O "Osservatore Romano", o jornal do Vaticano, deu ênfase a esse comentário, transformando-o em sua manchete. A publicação também dedicou um de seus editoriais à promoção de esforços para encontrar modos de evitar conflitos mundiais.
"Talvez se trate do maior desafio que a humanidade terá de enfrentar no século que acaba de começar", dizia o editorial do "Osservatore Romano".
A tese do choque de civilizações foi popularizada por Samuel Huntington. Em 1993, um artigo da revista "Foreign Affairs" alcançou repercussão surpreendente. Intitulado "O Choque de Civilizações", o texto do professor, ensaísta e escritor americano Huntington provocou mais debates que qualquer outro publicado pela revista em décadas.
Huntington explorava a importância das culturas locais como motivadoras de alianças e de choques no mundo contemporâneo. Ante tanta controvérsia, o autor voltou ao tema e escreveu um livro -que tem o mesmo título e analisa em detalhes a questão.