São Paulo, sábado, 30 de novembro de 2002

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CRIME

Integrante de equipe que patrulhava a fronteira com a Geórgia abriu fogo após consumir "narcótico", possivelmente cogumelo

Soldado russo drogado mata oito colegas

DA REDAÇÃO

Um soldado russo que estava sob efeito de narcóticos abriu fogo ontem contra seus colegas militares, matando ao menos oito deles e ferindo outros três, no que constituiu o último de uma série de casos graves de descontrole entre os desmoralizados e desrespeitados militares russos.
Segundo as Forças Armadas, o soldado, Denis Solovyov, disparou seu fuzil Kalashnikov aleatoriamente dentro de uma tenda na qual 11 de seus colegas de serviço estavam descansando.
Eles tinham como missão patrulhar a fronteira da Rússia com a Geórgia, na região montanhosa do Cáucaso.
Algumas das vítimas morreram no local, outras não resistiram aos ferimentos após receber atendimento médico. Solovyov foi detido imediatamente.
O tenente-coronel Yuri Kolodkin, do escritório local do Ministério das Situações de Emergência, disse que as primeiras investigações indicavam que Solovyov estava "em estado de intoxicação narcótica", sem especificar qual era a droga.
Outros oficiais que trabalham na região disseram que o soldado provavelmente tivesse ingerido cogumelos alucinógenos.
A parte do Cáucaso em que eles estavam é conhecida pelas ervas e pelos cogumelos alucinógenos que produz, segundo habitantes de vilarejos vizinhos.

Triste rotina
Tiroteios, brigas, deserções e suicídios têm marcado o cotidiano das Forças Armadas da Rússia nos últimos anos.
Problemas disciplinares e falta de motivação são questões corriqueiras entre os militares de baixa patente, que, muitas vezes, vivem em condições miseráveis porque o soldo a que têm direito é muito baixo.
Em 2001, um ano após a tragédia com o submarino nuclear Kursk, que naufragou no mar de Barents após uma explosão e provocou a morte de seus 118 tripulantes, alguns familiares de militares de baixa patente acusaram os oficiais de forçar seus comandados a realizar tarefas desumanas e de tratá-los mal.
Num caso similar ao de ontem, em agosto passado, dois guardas de fronteira russos mataram oito de seus colegas. Estes dormiam numa tenda e faziam parte de outro batalhão que patrulhava a fronteira russa com a Geórgia.
Após quatro dias de buscas na região, os militares russos conseguiram capturar os assassinos. Estes confessaram que a morte de seus colegas era parte de um plano de vingança relacionado a um trote aplicado por oficiais em jovens cadetes.
Os trotes provocam conflitos entre os militares frequentemente. Trotes violentos aplicados por soldados graduados em cadetes se transformaram numa triste rotina nas casernas, causando o aumento do número de assassinatos e de deserções.
Um caso recente foi manchete dos principais jornais russos: 54 soldados deixaram uma unidade do Exército no sul do país e marcharam 60 quilômetros -até Volvogrado- para protestar contra as agressões que sofriam de seus superiores.
Outro soldado desapareceu ontem, segundo a agência de notícias Interfax, levando consigo seu fuzil e muita munição. Inicialmente, o Exército disse que ele podia ter sido sequestrado por guerrilheiros tchetchenos.
Mais tarde, o soldado, chamado Nikolai Scherbakov, foi encontrado e detido, segundo a agência de notícias Itar-Tass.


Com agências internacionais


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