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São Paulo, domingo, 30 de novembro de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Grupo retornava de missão no sul do país; comandante dos EUA muda estratégia e Bush fala em "moral alto"

Ataque mata ao menos 7 agentes espanhóis

Zohra Bensemra/Reuters
Mulheres iraquianas aguardam em fila para receber compensações de guerra pagas pelos EUA a viúvas em Mossul, no norte do país


DA REDAÇÃO

Pelo menos sete de um grupo de oito agentes do Centro Nacional de Inteligência da Espanha foram mortos ontem quando retornavam de uma missão ao sul de Bagdá. No mesmo dia, os EUA haviam anunciado uma reconfiguração de suas forças no Iraque.
Segundo o Ministério da Defesa espanhol, um oitavo agente foi ferido e está hospitalizado. O ministro da Defesa, Federico Trillo, informou que quatro dos agentes deveriam retornar à Espanha.
O grupo foi atacado por insurgentes perto de Suwayrah, cerca de 30 km ao sul de Bagdá, quando retornava de uma missão em Hillah. Três helicópteros acorreram ao local e encontraram seis corpos na estrada e dois veículos incendiados.
Ataques contra forças de países que se aliaram aos EUA e mesmo contra iraquianos que cooperam com a coalizão se tornaram frequentes nas últimas semanas. No início do mês, 19 italianos e 14 iraquianos foram mortos em um ataque contra uma base da Itália em Nassiriah, também no sul.
Embaixadas, delegacias e políticos iraquianos também se tornaram alvos frequentes, e até as sedes da ONU e do Comitê Internacional da Cruz Vermelha já sofreram atentados em Bagdá.
A Espanha, com um contingente de 1.300 soldados no Iraque, é uma das maiores aliadas dos EUA na ocupação. Desde o início da guerra, em março, dois espanhóis haviam morrido -um capitão que estava na sede da ONU quando esta foi atacada em agosto e um sargento que trabalhava para o mesmo centro de inteligência assassinado em outubro em frente à sua casa, em Bagdá.

Mais soldados
Diante da crescente violência, os EUA anunciaram mudanças na configuração de suas tropas.
Embora o Pentágono pretenda reduzir, até maio de 2004, os atuais 130 mil soldados que mantém no país para 108 mil, o comandante das forças em terra no país, general Ricardo Sanchez, afirmou que o número de soldados da infantaria -linha de frente nos combates- será ampliado, e que a frota será redirecionada para combates urbanos, com veículos mais leves e ágeis.
"Vamos mudar a composição de nossas forças. Teremos mais soldados na infantaria. Buscamos uma força muito móvel, muito leve e mortífera, que possa cumprir sua missão. Essas regras foram ditadas por nossos inimigos", disse.
O general afirmou ainda que, por enquanto, "não há necessidade" de aumento no contingente americano no Iraque, mas tampouco há pressão por parte do governo para reduzi-lo.
A redução planejada para maio, segundo ele, vai ocorrer naturalmente com a substituição dos soldados que atuam nas áreas de transporte, logística e comunicação por prestadores de serviços civis. "Nosso governo já disse diversas vezes que, se houver necessidade de convocar forças adicionais, basta eu pedir."

"Moral alto"
Apesar dos ataques e das novas medidas, o presidente George W. Bush declarou que o moral de suas tropas no Iraque está alto. Bush passou duas horas e meia com os soldados americanos em Bagdá na última quinta-feira, Dia de Ação de Graças.
"Tenho o prazer de lhes informar, voltando do front, que nossos soldados estão fortes, o moral está alto e nossas Forças Armadas têm confiança de que vamos prevalecer", declarou em seu discurso semanal no rádio.
Criticado por não ter participado de nenhum funeral de soldado morto no Iraque, contemporizou o sofrimento das famílias.
"Cada pessoa que morre cumprindo seu dever leva a gratidão especial do povo americano. E as famílias de militares que estão de luto devem saber disso: nosso país não vai esquecer seus entes queridos nem o sacrifício feito para proteger a todos nós."

Com agências internacionais


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