UOL


São Paulo, domingo, 30 de novembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

IRAQUE OCUPADO

De volta de Bagdá, presidente agradece "sacrifício" das famílias de militares; comandante muda estratégia

Bush diz que moral das tropas está alto

DA REDAÇÃO

Após uma rápida passagem por Bagdá na última quinta-feira, Dia de Ação de Graças, o presidente americano, George W. Bush, declarou ontem que o moral de suas tropas no Iraque está alto, apesar dos constantes ataques sofridos pelas forças de ocupação no país.
A ação da insurgência iraquiana levou Washington a decidir mudar a configuração de suas tropas, conforme anunciou o principal comandante militar americano em campo.
"Tenho o prazer de lhes informar, voltando do front, que nossos soldados estão fortes, que o moral está alto e que nossas Forças Armadas têm confiança de que vamos nos impor", declarou o presidente em seu discurso semanal no rádio, gravado na sexta-feira e transmitido ontem. "Minha mensagem às tropas foi clara: o país está agradecido e orgulhoso por seu serviço. A América está com vocês em tudo aquilo que fizerem para defendê-la."
O presidente partiu para Bagdá na noite de quarta-feira, sob um esquema de sigilo absoluto que envolveu a imprensa, proibida de divulgar a viagem até que Bush estivesse voltando para Washington. No aeroporto internacional da capital iraquiana, ele confraternizou com um grupo de 600 soldados durante o jantar de Ação de Graças, uma das datas mais celebradas pelos americanos. Duas horas e meia depois, pegou o avião de volta. Foi a primeira vez que um presidente americano esteve no Iraque.
No discurso de ontem, Bush, criticado por não ter participado de nenhum funeral de soldado morto no Iraque, contemporizou o sofrimento das famílias.
"Este fim de semana de festa também é um momento no qual muitas famílias de militares estão orgulhosas, mas também sentem a separação e estão preocupadas", afirmou. "Cada pessoa que morre cumprindo seu dever leva a gratidão especial do povo americano. E as famílias de militares que estão de luto devem saber disso: nosso país não vai esquecer seus entes queridos nem o sacrifício feito para proteger a todos nós."

Mais soldados
Os EUA têm hoje cerca de 130 mil soldados no Iraque, contingente que o Pentágono pretende reduzir para 108 mil até maio do próximo ano.
No entanto o comandante das forças em terra no país, general Ricardo Sanchez, afirmou que o número de soldados da infantaria -linha de frente nos combates- será ampliado, e que a frota, hoje baseada em tanques e veículos blindados, será aos poucos transformada em uma frota especializada em combates urbanos, com veículos mais leves e ágeis.
A decisão marca o que o general chamou de uma "nova fase" na guerra, a ser iniciada com o revezamento dos soldados no início do próximo ano. O principal objetivo é conter os ataques contra as tropas americanas e contra os iraquianos e as forças de outros países que se aliaram a elas.
"Vamos mudar a composição de nossas forças. Teremos mais soldados na infantaria. Vamos ter uma força mais móvel, que tenha a proporção correta entre agilidade e força. Buscamos uma força muito móvel, muito leve e mortífera, que possa cumprir sua missão. Essas regras foram ditadas por nossos inimigos", declarou Sanchez.
O general afirmou ainda que, por enquanto, "não há necessidade" de aumento no contingente americano no Iraque, mas tampouco há pressão por parte do governo para reduzi-lo.
A redução planejada para o próximo ano, segundo ele, vai ocorrer naturalmente com a substituição dos soldados que atuam nas áreas de transporte, logística e comunicação por prestadores de serviços civis.
"Nosso governo em Washington já afirmou diversas vezes que, se houver necessidade de convocar forças adicionais, tudo o que eu tenho que fazer é pedir."


Com agências internacionais


Texto Anterior: Iraque ocupado: Ataque mata ao menos 7 agentes espanhóis
Próximo Texto: Novembro foi o mês mais letal para os EUA
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.