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Para oposição venezuelana, Lula não critica colega por ter interesse comercial
DE CARACAS
"Ninguém briga com o tio rico." Assim reagiu ontem o prefeito de Baruta (um dos cinco
municípios de Caracas), Henrique Capriles Radonski, ao ser
questionado pela Folha sobre o
fato de o presidente Lula não
ter condenado o projeto de reeleição indefinida do colega Hugo Chávez, em entrevista coletiva da oposição a jornalistas
estrangeiros.
Ao seu lado, Leopoldo López,
prefeito de Chacao, também
em Caracas, insinuou que Lula
é um dos presidentes que
apóiam Chávez em troca de favorecimento econômico.
"A política internacional da
Venezuela vem sempre acompanhada de um talão de cheque. E obviamente qualquer
mandatário quer receber de coração aberto um presidente
que chega a um país e, se tiver
problema de dívida, compra
US$ 1,5 bilhão em dívida", respondeu López, em alusão à Argentina de Néstor Kirchner.
Segundo o prefeito opositor,
o Brasil se beneficia do desabastecimento de alimentos na
Venezuela. "Neste momento,
há uma crise de leite e de carne.
E quem se beneficia? O Mercosul. Os que hoje estão exportando alimentos que antes se
produziam neste país. Enquanto essa situação se prolongar,
os sócios comerciais serão beneficiados."
Em entrevista ao SBT na
quarta-feira, Lula disse, a propósito da Venezuela, que respeita a "soberania de cada país
decidir o que é melhor para
ele". "O referendo pode dar favorável. Se der, é um resultado
democrático, se não der, também é um resultado democrático. Para o que nós, brasileiros,
precisamos torcer? Que o processo seja o mais democrático
possível, o mais transparente
possível", disse o presidente,
para quem a "Venezuela está
conquistando a cidadania".
As exportações brasileiras
para a Venezuela têm batido
recordes de crescimento. No
ano passado, o Brasil foi o segundo maior parceiro comercial de Caracas, atrás apenas
dos EUA e ultrapassando a Colômbia. Há importantes empresas brasileiras instaladas no
país, Odebrecht à frente.
(FM)
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