São Paulo, sexta-feira, 30 de novembro de 2007

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Para oposição venezuelana, Lula não critica colega por ter interesse comercial

DE CARACAS

"Ninguém briga com o tio rico." Assim reagiu ontem o prefeito de Baruta (um dos cinco municípios de Caracas), Henrique Capriles Radonski, ao ser questionado pela Folha sobre o fato de o presidente Lula não ter condenado o projeto de reeleição indefinida do colega Hugo Chávez, em entrevista coletiva da oposição a jornalistas estrangeiros.
Ao seu lado, Leopoldo López, prefeito de Chacao, também em Caracas, insinuou que Lula é um dos presidentes que apóiam Chávez em troca de favorecimento econômico.
"A política internacional da Venezuela vem sempre acompanhada de um talão de cheque. E obviamente qualquer mandatário quer receber de coração aberto um presidente que chega a um país e, se tiver problema de dívida, compra US$ 1,5 bilhão em dívida", respondeu López, em alusão à Argentina de Néstor Kirchner.
Segundo o prefeito opositor, o Brasil se beneficia do desabastecimento de alimentos na Venezuela. "Neste momento, há uma crise de leite e de carne. E quem se beneficia? O Mercosul. Os que hoje estão exportando alimentos que antes se produziam neste país. Enquanto essa situação se prolongar, os sócios comerciais serão beneficiados."
Em entrevista ao SBT na quarta-feira, Lula disse, a propósito da Venezuela, que respeita a "soberania de cada país decidir o que é melhor para ele". "O referendo pode dar favorável. Se der, é um resultado democrático, se não der, também é um resultado democrático. Para o que nós, brasileiros, precisamos torcer? Que o processo seja o mais democrático possível, o mais transparente possível", disse o presidente, para quem a "Venezuela está conquistando a cidadania".
As exportações brasileiras para a Venezuela têm batido recordes de crescimento. No ano passado, o Brasil foi o segundo maior parceiro comercial de Caracas, atrás apenas dos EUA e ultrapassando a Colômbia. Há importantes empresas brasileiras instaladas no país, Odebrecht à frente. (FM)


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