São Paulo, domingo, 30 de novembro de 2008

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Mumbai debela último foco de resistência

Forças de segurança indianas matam três terroristas que ainda estavam no hotel Taj Mahal; mortos chegam a 195

Com situação controlada, autoridades se voltam agora à investigação sobre identidade dos responsáveis pela onda de ataques

RAUL JUSTE LORES
ENVIADO ESPECIAL A MUMBAI
Com 195 mortos e 300 feridos, terminou na manhã de ontem a batalha de 62 horas promovida por um grupo militante islâmico que aterrorizou Mumbai, maior cidade da Índia.
O cerco terminou com a morte de três terroristas no interior do hotel Taj Mahal. "Dizíamos que restavam três terroristas e temos três cadáveres", anunciou o chefe da Guarda de Segurança Nacional, J.K. Dutt, em meio a uma ressalva. "Não podemos dizer que a operação acabou até checarmos todo o hotel. Todos os andares, todos os quartos serão checados."
O governo acredita que há mais vítimas, hóspedes que foram assassinados enquanto se refugiavam em seus quartos. Pelo menos 20 policiais e soldados foram mortos. Nove terroristas também foram abatidos, e um está preso e será interrogado pela polícia indiana.
Segundo o "Times of India", o único terrorista preso com vida é o paquistanês Azam Amir Kasab -ele teria dito à policia que contou com a "cooperação" de locais, não-terroristas. Diferentes versões divulgadas pelo governo e pela polícia alimentam as especulações em Mumbai. Algumas autoridades disseram que os terroristas vieram do Paquistão, de barco.
Um desconhecido grupo islâmico, Mujahedin de Deccan, assumiu a autoria da ação, mas o governo indiano - e boa parte das TVs e jornais locais, além de cidadãos de Mumbai ouvidos pela Folha- acredita que a operação tem financiamento e preparação do Paquistão, o que complica os esforços de reconciliação entre os dois rivais.
Ontem, Islamabad recuou da decisão de enviar a Mumbai o chefe de seu serviço de inteligência militar para auxiliar nas investigações, substituindo-o por um oficial de patente mais baixa. O presidente do Paquistão, Asif Ali Zardari, tentou, porém, contemporizar. "Como presidente do Paquistão, se surgir qualquer indício de participação de qualquer indivíduo ou grupo em qualquer parte do meu país, eu tomarei medidas imediatas", disse à CNN.
Uma equipe do FBI também chegará à Índia neste fim de semana. Dos 23 estrangeiros mortos, a maioria era de cidadãos americanos e europeus, além de um grupo de judeus ortodoxos israelenses que foram atacados em sua sede -detalhes que fazem algumas autoridades insistiram que a Al Qaeda deve estar envolvida.
Os atiradores iniciaram a ação na quarta nas principais áreas de encontro da elite local. Começaram em uma estação ferroviária e atacaram um bar, dois hospitais, três hotéis de luxo e um centro judaico, um ataque novo a cada 15 minutos. Eles usavam GPS, telefones satelitais e rifles AK-47. Um soldado disse que a destreza nos combates indicava que eles tinham treinamento militar.
Os ataques representam o atentado mais letal em Mumbai desde 1993, quando explosões mataram 257 pessoas na então Bombaim.


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