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SUCESSÃO NOS EUA
Clintonistas e doadores são o exército obamista
Eleito mantém ecletismo, mas rompe promessa sobre lobby
DE WASHINGTON
Dos nomes anunciados até
agora para os postos principais
do gabinete obamista, há duas
mulheres (Hillary Clinton e a
governadora do Arizona, Janet
Napolitano, que deve ficar com
o cargo de secretária de Segurança Interna), um negro (Eric
Holder) e um latino (o governador do Novo México, Bill Richardson, que deve ir para o
Departamento de Comércio).
Barack Obama prometeu diversidade ao montar sua equipe e tem mantido a promessa
não só nos postos de maior visibilidade. Dos mais de 40 nomes
anunciados até agora, ele vem
seguindo de perto, intencionalmente ou não, a proporção da
população americana: pouco
mais da metade é de mulheres,
1 em cada 10 é negro, 2 em cada
10 são ou têm origem hispânica
-não há indicados abertamente gays até agora.
Há curiosidades, como o primeiro blogueiro (Peter Orszag,
que chefiará o Orçamento na
Casa Branca) e dois que ostentam bigodes (além de Holder, o
conselheiro David Axelrod).
Mas outros dois são os fatores mais gerais a unir o time.
O primeiro é que mais de
80% passaram em algum momento pelo governo do democrata Bill Clinton (1993-2001),
seja em cargos de maior visibilidade, como Bill Richardson,
ex-embaixador na ONU, e o
próprio Holder, ex-subsecretário de Justiça, seja em postos
menos importantes.
O outro é que 56% são doadores importantes da campanha
do candidato Barack Obama. O
segundo levantamento é do
Center for Responsive Politics,
ONG de Washington que rastreia as doações em campanhas
eleitorais americanas, e leva
em conta também os mais de
400 membros da equipe de
transição, não só os que farão
parte do futuro governo.
O total arrecadado individualmente pela tropa durante a
campanha chega a pelo menos
US$ 825 mil, uma importância
que pode crescer conforme a
checagem continue. O valor pula para US$ 2 milhões, se são
computadas doações a candidatos democratas em geral, e
para US$ 2,8 milhões, quando
são incluídos os eventos de arrecadação conjunta que eles lideraram.
Cada um dos já detectados
nos dados parciais doou uma
média de US$ 3.900 -e pelo
menos 14 pessoas levantaram
US$ 50 mil cada uma em eventos de arrecadação conjunta.
Isso sugere tanto um grupo
ideologicamente unido como
pessoas que foram recompensadas com cargos por seu trabalho na campanha. Entre os que
já foram checados, há somente
seis que doaram apenas para
candidatos republicanos.
A ONG confirma outra crítica freqüente feita ao time montado por Obama para a transição: a presença de lobistas, apesar da promessa em contrário
do então candidato e do conjunto de regras draconianas
apresentado pelo chefe de transição, John Podesta, ele próprio um ex-lobista.
São 23 os líderes da transição
que já exerceram ou ainda
exercem a profissão, que nos
EUA é legalizada. Sete eram registrados publicamente até o
começo do ano. A cada dia, a lista aumenta ou novas ligações
perigosas são apontadas.
Anteontem, o site Politico
publicou que era nebulosa a relação de Lawrence Summers,
futuro diretor do Conselho
Econômico Nacional, com o
fundo de investimentos D.E.
Shaw & Co., um dos mais bem-sucedidos do mundo, com US$
36 bilhões. Summers anunciou
ao ser nomeado que se desligaria da empresa -mas nem o
fundo nem o economista souberam dizer o que ele fez lá nos
últimos dois anos.
(SÉRGIO DÁVILA)
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