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Restituir poder a Zelaya agora é "piada", diz presidente do Brasil
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL AO ESTORIL
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva descartou completamente qualquer revisão da posição brasileira sobre Honduras, apesar do fato consumado
da eleição de ontem, e chegou a
chamar de "piada" a hipótese
de o presidente Manuel Zelaya
ter o poder de volta agora.
"Não sei se depois da eleição
vão querer que ele volte para o
poder. [Seria] no mínimo uma
piada, mas, de qualquer forma,
faz parte da cultura latino-americana", comentou Lula ao
chegar ao exuberante Hotel Villa Itália, no balneário português de Cascais, no qual se hospedará durante a Cúpula Ibero-Americana, ontem iniciada.
A principal hipótese de trabalho do governo dos EUA é
exatamente a de validar o processo eleitoral de ontem, na expectativa de que o Congresso
hondurenho aprove, nesta
quarta, a recondução de Zelaya
à Presidência, no que seria a
implementação tardia do acordo mediado por Washington.
O presidente contou ter conversado com o ministro Celso
Amorim e dito que "o Brasil
não tem porque repensar a
questão. É importante ficar claro que a gente precisa, de vez
em quando, firmar posição sobre as coisas porque serve de
alerta a outros aventureiros".
Sinalizando que está alinhado com seu estafe diplomático,
Lula disse ser indispensável enviar a mensagem "não repitam
isso" aos golpistas, senão "daqui a pouco a gente não sabe
onde pode haver outro golpe".
O presidente lembrou que
"existem muitos países, sobretudo na América Central, com
vulnerabilidade política".
Lula admitiu que, apesar de a
Unasul (União de Nações Sul-Americanas) ter decidido não
reconhecer o resultado eleitoral, alguns países poderão não
manter a posição. "Mas o Brasil
vai manter, porque não é possível a gente aceitar um golpe."
O presidente negou que haja
uma divisão entre Brasil e EUA,
chegando a citar o exemplo da
União Europeia, "que já faz 50
anos que está tentando construir alguma coisa, [mas] aprova uma coisa em um país e
aprova outra em outro". Emendou: "Eles não tratam isso como divisão, mas como exercício
normal da democracia".
Admitiu divergências entre
Brasil e EUA sobre Honduras,
mas brincou: "Se dois chefes de
Estado não tiverem uma discordância, não tem graça".
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