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Conservador Porfirio Lobo vence, aponta boca de urna
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A TEGUCIGALPA
O conservador Porfirio Lobo
é o novo presidente de Honduras, aponta pesquisa boca de
urna da eleição presidencial de
ontem, marcada por exortações ao boicote e não reconhecida por vários países, entre os
quais o Brasil.
O candidato do Partido Nacional (PN, direita), foi eleito
com 51,4% dos votos válidos,
contra 34% para Elvin Santos,
do Partido Liberal (PL, centro-direita), segundo levantamento
divulgado pela emissora de TV
Televicentro, a mais importante de Honduras.
A pesquisa não incluiu o índice de abstenção, porcentagem
importante já que, ao longo da
campanha, Manuel Zelaya e
seus seguidores pregaram o
boicote eleitoral, depois que o
presidente deposto há pouco
mais de cinco meses não conseguiu voltar ao Executivo.
Esta é a segunda vez que Lobo, 61, disputa uma eleição presidencial: em 2005, o nacionalista perdeu para Zelaya, por
pouco mais de 70 mil votos.
Produtor rural e formado em
administração pela Universidade de Miami (EUA), Lobo foi
beneficiado pela crise política
hondurenha, do qual procurou
se distanciar ao máximo.
Tanto Zelaya quanto o presidente interino, Roberto Micheletti, ex-aliados, pertencem ao
PL, partido que se reveza no
poder em Honduras há três décadas com o PN.
A posse está marcada para o
dia 27 de janeiro. O mandato é
de quatro anos, sem reeleição.
Ao longo da campanha, o
candidato nacionalista se afastou de temas polêmicos -em
2005, chegou a defender a pena
de morte para combater a violência, apontado com um dos
principais problemas do país,
ao lado do desemprego.
Entre as principais propostas
de Lobo estão a criação de uma
versão local do Bolsa Família e
a distribuição de 250 mil computadores portáteis por ano a
alunos da rede pública.
A prioridade de Lobo, no entanto, será buscar reconhecimento internacional. Vários
países, entre os quais Brasil, Argentina, Espanha e Venezuela,
não reconhecem o resultado,
sob o argumento de que o processo eleitoral ocorreu fora do
marco democrático, após a deposição de Zelaya.
Por outro lado, Lobo deve
contar com o apoio dos EUA,
principal parceiro comercial de
Honduras e com uma ampla influência na política do país.
Dentro do país, o candidato
nacionalista também promete
promover um "diálogo nacional" para contornar a crítica
política que, nos últimos cinco
meses, aumentou a polarização
política em Honduras entre os
defensores da convocação de
uma Assembleia Constituinte,
reunidos em torno de Zelaya, e
os que acusam a iniciativa de
tentar promover um regime
inspirado na Venezuela de Hugo Chávez.
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