São Paulo, terça-feira, 30 de novembro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Candidatos no Haiti agora prometem respeitar resultado

Força da ONU pede calma; observadores internacionais consideram pleito "farsa"

Hector Retama/France Presse
Funcionários da autoridade eleitoral do Haiti contam votos na capital, Porto Príncipe

FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA A PORTO PRÍNCIPE (HAITI)

Os principais candidatos opositores à Presidência do Haiti recuaram do seu pedido de anulação das eleições gerais de anteontem.
"Vou esperar os resultados", disse Michel Martelly, cantor de kompa, o ritmo tradicional do Haiti, e considerado um dos mais bem posicionados da disputa.
Apenas no dia 7 os haitianos conhecerão os nomes que irão ao segundo turno.
Questionado sobre o motivo do recuo, Martelly disse que foi a manifestação liderada por ele, com milhares de pessoas em Porto Príncipe, que "parou" o "plano maquiavélico" do governo.
O mesmo fez a também opositora Mirlande Manigat. "Citarão meu nome no documento, mas eu nunca participei da elaboração. Não assinei." Antes, porém, ela também pedira o cancelamento.
Apesar das reservas sobre as pesquisas de opinião no Haiti, analistas e o único levantamento disponível concordam que Manigat, Martelly e o candidato governista Jude Célestin são os mais cotados para disputar a Presidência num inédito segundo turno, em 16 de janeiro.
Além de escolher o novo presidente, os haitianos foram às urnas anteontem para escolher 1/3 do Senado e 99 deputados, numa jornada eleitoral marcada por episódios de violência e por confusão em Porto Príncipe.
O Conselho Eleitoral Provisório rejeitou, anteontem, os pedidos de anulação da eleição e afirmou que problemas afetaram 4% das seções.
A Minustah, a missão da ONU do país e principal fiadora da votação de ontem, lamentou os "numerosos incidentes", e pediu "calma"aos atores políticos do país. O Brasil chefia as tropas.
A missão conjunta da OEA (Organização dos Estados Americanos) e da caribenha Caricom chamou de "lamentável" e "precipitado" o pedido de anulação feito antes pelos candidatos. Afirmou que os problemas não justificavam um cancelamento.
No entanto, observadores do CEPR (Centro para a Investigação de Economia e Política), baseado em Washington, classificaram a eleição de uma "farsa".

INVESTIGAÇÃO
O rapper Wyclef Jean, celebridade do EUA e mais ainda no Haiti, repetia à imprensa ontem em Porto Príncipe: exigia da comunidade internacional uma "investigação séria" sobre a votação.
Vetado da eleição em agosto por não ter residência no Haiti, Jean não deixou de ser elemento na campanha.
Amado pelos jovens haitianos, Jean já foi acusado de "oportunista" pelo também artista engajado Sean Penn.
Na semana que vem, ele lançará o single "If I were president" (se eu fosse presidente). O disco terá uma música chamada "Terremoto".


Texto Anterior: Coreia do Sul cancela exercício militar
Próximo Texto: Venezuela: Hugo Chávez abriga sem-teto em palácio
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.