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Brasil confirma ocorrência de estupros e vai resgatar feridos
DO ENVIADO AO SURINAME
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Além de 25 feridos, quatro
ainda internados, o ataque no
Suriname deixou outras vítimas: 19 mulheres brasileiras
que dizem ter sido estupradas.
Segundo o embaixador brasileiro no país, José Luiz Machado e Costa, apenas dois casos
haviam sido oficializados até
ontem, já que o Suriname só
confirma o estupro mediante
realização de exame ginecológico até 24 horas após o fato. As
outras 17 mulheres só fizeram
denúncias após esse prazo.
Assim, o governo brasileiro
usará como critério de confirmação da violência sexual depoimentos a uma assistente social da Secretaria Especial de
Políticas para as Mulheres, que
chega hoje a Paramaribo. As 19
mulheres estão hospedadas pelo governo brasileiro em um
hotel da cidade.
O embaixador disse que, apesar de contusões e cortes, as
mulheres não correm risco de
morte. "O dano principal agora
é o psicológico", afirmou.
Segundo Costa, um avião da
FAB (Força Aérea Brasileira)
chega hoje ao Suriname para
levar a Belém os quatro brasileiros em estado grave, únicos
dos 25 feridos que ainda não receberam alta. Um corre risco de
amputação de um braço, e outro sofreu corte profundo no
rosto e perdeu dentes.
Mortes
Em mais um dia de boatos
sobre mortes e desaparecidos
no ataque, brasileiros afirmaram ontem que ainda há colegas que continuam escondidos
na mata na região de Albina.
Pela manhã, o que todos afirmavam no hotel Comfort -um
dos que abrigam refugiados- é
que uma rádio da Guiana Francesa havia informado o aparecimento de três corpos boiando
no rio Maroni.
O Itamaraty informou que
até ontem não havia registro
oficial de mortes. "Não estou
dizendo que não tenham ocorrido mortes. [Mas] até agora as
investigações e as conversas
não nos ofereceram nenhuma
pista nessa direção, o que não
reduz o fato de que houve uma
violência muito grande", disse
Antonio Patriota, secretário-geral do Itamaraty.
Segundo Patriota, 17 brasileiros pediram para retornar.
Apesar do susto, a expectativa
do governo é que a maior parte
dos brasileiros queira permanecer na região, disse.
Patriota classificou de "episódio assustador" o conflito envolvendo os brasileiros. "Não é
uma coisa que você possa minimizar", afirmou, questionado
sobre a orientação dada pela
Embaixada do Brasil no país de
que é preciso se resguardar.
Ele disse, no entanto, que
não há atualmente outros focos
de tensão contra brasileiros no
Suriname e que não existe um
histórico de conflito étnico
contra brasileiros.
Patriota afirmou ainda que o
Brasil propôs a criação de um
grupo bilateral para analisar a
situação dos brasileiros na região. Uma das discussões possíveis é o mapeamento de áreas
de risco na região.
(JOÃO CARLOS MAGALHÃES e JOHANNA NUBLAT)
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