São Paulo, quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

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Brasil confirma ocorrência de estupros e vai resgatar feridos

DO ENVIADO AO SURINAME
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Além de 25 feridos, quatro ainda internados, o ataque no Suriname deixou outras vítimas: 19 mulheres brasileiras que dizem ter sido estupradas.
Segundo o embaixador brasileiro no país, José Luiz Machado e Costa, apenas dois casos haviam sido oficializados até ontem, já que o Suriname só confirma o estupro mediante realização de exame ginecológico até 24 horas após o fato. As outras 17 mulheres só fizeram denúncias após esse prazo.
Assim, o governo brasileiro usará como critério de confirmação da violência sexual depoimentos a uma assistente social da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, que chega hoje a Paramaribo. As 19 mulheres estão hospedadas pelo governo brasileiro em um hotel da cidade.
O embaixador disse que, apesar de contusões e cortes, as mulheres não correm risco de morte. "O dano principal agora é o psicológico", afirmou.
Segundo Costa, um avião da FAB (Força Aérea Brasileira) chega hoje ao Suriname para levar a Belém os quatro brasileiros em estado grave, únicos dos 25 feridos que ainda não receberam alta. Um corre risco de amputação de um braço, e outro sofreu corte profundo no rosto e perdeu dentes.

Mortes
Em mais um dia de boatos sobre mortes e desaparecidos no ataque, brasileiros afirmaram ontem que ainda há colegas que continuam escondidos na mata na região de Albina.
Pela manhã, o que todos afirmavam no hotel Comfort -um dos que abrigam refugiados- é que uma rádio da Guiana Francesa havia informado o aparecimento de três corpos boiando no rio Maroni.
O Itamaraty informou que até ontem não havia registro oficial de mortes. "Não estou dizendo que não tenham ocorrido mortes. [Mas] até agora as investigações e as conversas não nos ofereceram nenhuma pista nessa direção, o que não reduz o fato de que houve uma violência muito grande", disse Antonio Patriota, secretário-geral do Itamaraty.
Segundo Patriota, 17 brasileiros pediram para retornar. Apesar do susto, a expectativa do governo é que a maior parte dos brasileiros queira permanecer na região, disse.
Patriota classificou de "episódio assustador" o conflito envolvendo os brasileiros. "Não é uma coisa que você possa minimizar", afirmou, questionado sobre a orientação dada pela Embaixada do Brasil no país de que é preciso se resguardar.
Ele disse, no entanto, que não há atualmente outros focos de tensão contra brasileiros no Suriname e que não existe um histórico de conflito étnico contra brasileiros.
Patriota afirmou ainda que o Brasil propôs a criação de um grupo bilateral para analisar a situação dos brasileiros na região. Uma das discussões possíveis é o mapeamento de áreas de risco na região. (JOÃO CARLOS MAGALHÃES e JOHANNA NUBLAT)


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