São Paulo, quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ameaça iemenita pressiona agenda nos EUA

DO "FINANCIAL TIMES"

Após a tentativa de atentado ao voo 253 da Delta, na última sexta, o debate em Washington é sobre como enfrentar a crescente ameaça do braço iemenita da Al Qaeda, conhecido como Al Qaeda na península Árabe.
A Al Qaeda iemenita há tempos preocupa os serviços de inteligência. Em 2000, homens-bomba do Iêmen mataram 17 pessoas em um ataque ao destróier americano USS Cole. Os EUA responderam com uma campanha relativamente bem-sucedida de contraterrorismo nos três anos seguintes.
Mas, nos últimos anos, a insurgência voltou a crescer no país, e chefes de inteligência ocidentais creem que o risco do jihadismo iemenita é sério.
Cerca de cem iemenitas estão detidos na prisão americana de Guantánamo desde 2002. Segundo o chanceler do Iêmen, o país abrigava, em 2008, em torno de mil militantes da Al Qaeda, que reivindicaram autoria de uma série de ataques.
Enquanto os EUA examinam suas opções de reação, uma deve ser imediatamente descartada: a invasão do Iêmen.
A maioria dos estrategistas políticos crê que a opinião pública americana rejeitaria uma invasão, considerada desnecessária também por Richard Fontaine, membro sênior do Center for a New American Security, em Washington.
"Após o 11 de Setembro, os EUA tiveram de invadir o Afeganistão porque não podiam fazer acordo com o Taleban, totalmente hostil aos americanos", diz. "No Iêmen, o governo do presidente Ali Abdallah Saleh é fraco e cheio de problemas. Mas há a possibilidade de parceria [com os EUA] para enfrentar os militantes."
Reforçar essa parceria é chave para os EUA, que já dão apoio de segurança e inteligência ao governo de Saleh -e, acredita-se, ajudaram em dois ataques aéreos conduzidos pelas forças iemenitas neste mês.
No entanto, Saleh não parece tão determinado a enfrentar a Al Qaeda quanto Washington gostaria. "Há um problema de vontade e de capacidade", diz Fontaine, enfatizando que o Iêmen é um Estado fraco e de poucos recursos e que Saleh enfrenta também insurgências não conectadas à Al Qaeda no norte e no sul de seu país.
Nas próximas semanas, é possível que a União Europeia pressione os EUA a focar na melhoria das condições políticas e econômicas do Iêmen.
Diplomatas europeus acreditam que, independentemente de ganhos de segurança no curto prazo, os problemas econômicos do Iêmen podem transformar o país em Estado falido no longo prazo. Sua produção de petróleo pode cair a zero até 2017, e seus recursos hídricos estão secando, segundo análises, enquanto sua população deve dobrar até 2035.


Texto Anterior: Oposição usa episódio para atacar governo
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.