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Ameaça iemenita pressiona agenda nos EUA
DO "FINANCIAL TIMES"
Após a tentativa de atentado
ao voo 253 da Delta, na última
sexta, o debate em Washington
é sobre como enfrentar a crescente ameaça do braço iemenita da Al Qaeda, conhecido como
Al Qaeda na península Árabe.
A Al Qaeda iemenita há tempos preocupa os serviços de inteligência. Em 2000, homens-bomba do Iêmen mataram 17
pessoas em um ataque ao destróier americano USS Cole. Os
EUA responderam com uma
campanha relativamente bem-sucedida de contraterrorismo
nos três anos seguintes.
Mas, nos últimos anos, a insurgência voltou a crescer no
país, e chefes de inteligência
ocidentais creem que o risco do
jihadismo iemenita é sério.
Cerca de cem iemenitas estão detidos na prisão americana de Guantánamo desde 2002.
Segundo o chanceler do Iêmen,
o país abrigava, em 2008, em
torno de mil militantes da Al
Qaeda, que reivindicaram autoria de uma série de ataques.
Enquanto os EUA examinam
suas opções de reação, uma deve ser imediatamente descartada: a invasão do Iêmen.
A maioria dos estrategistas
políticos crê que a opinião pública americana rejeitaria uma
invasão, considerada desnecessária também por Richard Fontaine, membro sênior do Center for a New American Security, em Washington.
"Após o 11 de Setembro, os
EUA tiveram de invadir o Afeganistão porque não podiam fazer acordo com o Taleban, totalmente hostil aos americanos", diz. "No Iêmen, o governo
do presidente Ali Abdallah Saleh é fraco e cheio de problemas. Mas há a possibilidade de
parceria [com os EUA] para enfrentar os militantes."
Reforçar essa parceria é chave para os EUA, que já dão
apoio de segurança e inteligência ao governo de Saleh -e,
acredita-se, ajudaram em dois
ataques aéreos conduzidos pelas forças iemenitas neste mês.
No entanto, Saleh não parece
tão determinado a enfrentar a
Al Qaeda quanto Washington
gostaria. "Há um problema de
vontade e de capacidade", diz
Fontaine, enfatizando que o Iêmen é um Estado fraco e de
poucos recursos e que Saleh enfrenta também insurgências
não conectadas à Al Qaeda no
norte e no sul de seu país.
Nas próximas semanas, é
possível que a União Europeia
pressione os EUA a focar na
melhoria das condições políticas e econômicas do Iêmen.
Diplomatas europeus acreditam que, independentemente
de ganhos de segurança no curto prazo, os problemas econômicos do Iêmen podem transformar o país em Estado falido
no longo prazo. Sua produção
de petróleo pode cair a zero até
2017, e seus recursos hídricos
estão secando, segundo análises, enquanto sua população
deve dobrar até 2035.
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