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ELEIÇÕES ARMADAS
Comunidade sabe que não voltará a controlar país e está unida em torno da oposição à ocupação
Sunitas votaram mesmo sem chance de chegar ao poder
DO "INDEPENDENT", EM BAGDÁ
Os eleitores sunitas votaram
ontem em maior número do que
o esperado. Em Baquba, cidade a
nordeste de Bagdá em que são
majoritários, multidões a caminho das urnas estavam confiantes
o bastante para bater palmas.
Em Mossul, ao norte, autoridades disseram que o comparecimento foi maior do que se esperava. Votou-se bastante em Fallujah, em parte destruída em novembro pelos americanos.
Pesquisa indicou que só 5% dos
sunitas pretendiam votar. Seus
partidos haviam pedido que as
eleições fossem adiadas por três
meses para que a violência declinasse, embora para tanto não dessem argumentos convincentes.
Havia o temor de que os sunitas
não votassem porque estavam
boicotando ou porque estavam
com medo. Mas estejam ou não
devidamente representados na
assembléia, eles poderão barganhar um espaço político.
Os sunitas não são homogêneos. O regime de Saddam Hussein recrutou dirigentes nas regiões sunitas rurais, fora de Bagdá. A monarquia derrubada em
1958 tinha raízes sunitas urbanas.
Se as eleições tivessem sido realizadas há um ano, os insurgentes
não seriam tão fortes. Estão agora
bem entrincheirados, mais experientes e dificilmente serão neutralizados. Mas é também verdade que não expandiram a insurgência fora das regiões sunitas.
Cerca de 35 grupos sunitas reivindicaram atentados, embora alguns não passem de células esparsas. Sua origem é complicada. Há
nacionalistas, membros do regime deposto, sunitas islâmicos e
milícias de defesa de cidadezinhas. Algo como 90% dos detidos
ou mortos pelos EUA são sunitas.
A eficácia da resistência sunita,
logo após a deposição de Saddam,
foi o resultado do isolamento dessa comunidade pelos EUA e do
êxito dos fundamentalistas islâmicos e de seus homens-bomba.
Segundo pesquisa, 53% dos sunitas apóiam a resistência armada.
Mas o terror, sobretudo o praticado por Abu Musab al Zarqawi,
assustou os xiitas. Em abril, quando os americanos atacaram pela
primeira vez Fallujah, ocorreu
uma reação nacionalista em Bagdá. Mas, quando os marines destruíram a cidade em novembro,
os xiitas não se solidarizaram.
A fraqueza da resistência islâmica está no fato de ela não ter atraído a simpatia dos nacionalistas
como um todo. Declarações sangüinárias de Al Zarqawi tendem a
isolá-lo dos demais insurgentes.
A comunidade sunita sabe que
não voltará a controlar o país e está apenas unida em torno da oposição à ocupação americana.
(PATRICK COCKBURN)
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