São Paulo, quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

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Para analistas, eleitores de Edwards devem se dividir entre Hillary e Obama

DE WEST PALM BEACH

As desistências do republicano Rudolph Giuliani e do democrata John Edwards terão impacto diferente nas prévias dos dois partidos. Segundo analistas ouvidos ontem pela Folha, a transferência de votos de Giuliani para John McCain, líder nas pesquisas nacionais e também na contagem de delegados, é quase imediata. Já os eleitores de Edwards devem se dividir entre os rivais Hillary Clinton e Barack Obama.
"Os eleitores de Giuliani se identificam muito mais com McCain por duas questões: a mais importante é porque os dois representam experiência em segurança nacional. E a segunda é uma posição menos conservadora [em temas de comportamento]. O eleitor de Giuliani não vai votar em Mitt Romney ou em Mike Huckabee", diz Thomas Patterson, analista de governo e eleições da Universidade Harvard.
No campo democrata, diz Patterson, "a situação é muito difícil de definir e uma manifestação de apoio de Edwards pode ter mais influência sobre o eleitor".

Base expressiva
Michael P. McDonald, especialista em eleições americanas do instituto Brookings, de Washington, tem análise semelhante sobre o herdeiro do cacife eleitoral de Edwards.
"Sabe por que é complicado dizer? Parece que o eleitor de Edwards está mais próximo de Obama, pela proposta de mudança. Mas a base eleitoral de Edwards é muito mais parecida com a de Hillary. São os eleitores mais velhos, os eleitores mais identificados com o Partido Democrata, os eleitores de baixa renda. E, também, os dois se saem melhor entre eleitores brancos", diz McDonald.
Apesar de ficado em terceiro lugar em todas as primárias -exceto em Iowa, onde ficou em segundo, à frente de Hillary-, Edwards tem uma base expressiva.
A média das seis últimas pesquisas nacionais, feita pelo site "Real Clear Politics", apontava o senador como terceiro colocado, com 13,5%, contra 33,2% de Obama e 42,2% de Hillary. Ou seja: seu eleitorado é maior do que a diferença entre os eleitorados dos dois rivais.
Para David King, da Universidade Harvard, um possível apoio de John Edwards a Barack Obama pode criar uma supercandidatura contra Hillary, que sempre foi favorita a vencer a indicação do Partido Democrata. "Grande parte dos eleitores de Edwards tem Obama como segunda opção, então vejo uma leve tendência de vantagem para ele. Mas tudo vai depender das declarações de Edwards, já que as diferenças entre Hillary e Obama não são tão grandes quanto a que existe entre os candidatos republicanos."

Facilidade em Nova York
No Partido Republicano, a conseqüência mais direta da desistência de Giuliani deve ser sentida na disputa em Nova York, um dos mais de 20 Estados que realiza suas prévias na próxima terça-feira. O Estado é o terceiro com maior peso no número de delegados do partido: 101 em um universo de 2.348 -menos apenas que na Califórnia, 173, e no Texas, 140.
"McCain [que já era favorito a vencer no Estado] terá uma vitória maravilhosa em Nova York [onde Giuliani é o segundo colocado]", estima Michael P. McDonald.
Para McDonald, McCain será favorecido até se Mike Huckabee desistir. "Muitos dos eleitores de Huckabee são evangélicos. Eles não vão votar em um mórmon [Romney], mesmo que ele seja mais conservador que McCain." (D.B.)


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