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Para analistas, eleitores de Edwards devem se dividir entre Hillary e Obama
DE WEST PALM BEACH
As desistências do republicano Rudolph Giuliani e do democrata John Edwards terão
impacto diferente nas prévias
dos dois partidos. Segundo analistas ouvidos ontem pela Folha, a transferência de votos de
Giuliani para John McCain, líder nas pesquisas nacionais e
também na contagem de delegados, é quase imediata. Já os
eleitores de Edwards devem se
dividir entre os rivais Hillary
Clinton e Barack Obama.
"Os eleitores de Giuliani se
identificam muito mais com
McCain por duas questões: a
mais importante é porque os
dois representam experiência
em segurança nacional. E a segunda é uma posição menos
conservadora [em temas de
comportamento]. O eleitor de
Giuliani não vai votar em Mitt
Romney ou em Mike Huckabee", diz Thomas Patterson,
analista de governo e eleições
da Universidade Harvard.
No campo democrata, diz
Patterson, "a situação é muito
difícil de definir e uma manifestação de apoio de Edwards
pode ter mais influência sobre
o eleitor".
Base expressiva
Michael P. McDonald, especialista em eleições americanas
do instituto Brookings, de Washington, tem análise semelhante sobre o herdeiro do cacife
eleitoral de Edwards.
"Sabe por que é complicado
dizer? Parece que o eleitor de
Edwards está mais próximo de
Obama, pela proposta de mudança. Mas a base eleitoral de
Edwards é muito mais parecida
com a de Hillary. São os eleitores mais velhos, os eleitores
mais identificados com o Partido Democrata, os eleitores de
baixa renda. E, também, os dois
se saem melhor entre eleitores
brancos", diz McDonald.
Apesar de ficado em terceiro
lugar em todas as primárias
-exceto em Iowa, onde ficou
em segundo, à frente de Hillary-, Edwards tem uma base
expressiva.
A média das seis últimas pesquisas nacionais, feita pelo site
"Real Clear Politics", apontava
o senador como terceiro colocado, com 13,5%, contra 33,2%
de Obama e 42,2% de Hillary.
Ou seja: seu eleitorado é maior
do que a diferença entre os eleitorados dos dois rivais.
Para David King, da Universidade Harvard, um possível
apoio de John Edwards a Barack Obama pode criar uma supercandidatura contra Hillary,
que sempre foi favorita a vencer a indicação do Partido Democrata. "Grande parte dos
eleitores de Edwards tem Obama como segunda opção, então
vejo uma leve tendência de
vantagem para ele. Mas tudo
vai depender das declarações
de Edwards, já que as diferenças entre Hillary e Obama não
são tão grandes quanto a que
existe entre os candidatos republicanos."
Facilidade em Nova York
No Partido Republicano, a
conseqüência mais direta da
desistência de Giuliani deve ser
sentida na disputa em Nova
York, um dos mais de 20 Estados que realiza suas prévias na
próxima terça-feira. O Estado é
o terceiro com maior peso no
número de delegados do partido: 101 em um universo de
2.348 -menos apenas que na
Califórnia, 173, e no Texas, 140.
"McCain [que já era favorito
a vencer no Estado] terá uma
vitória maravilhosa em Nova
York [onde Giuliani é o segundo colocado]", estima Michael
P. McDonald.
Para McDonald, McCain será
favorecido até se Mike Huckabee desistir. "Muitos dos eleitores de Huckabee são evangélicos. Eles não vão votar em um
mórmon [Romney], mesmo
que ele seja mais conservador
que McCain."
(D.B.)
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