|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Sob o som de "Johnny B. Goode", McCain inicia busca pelos ultraconservadores
SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A MIAMI
O International Ballroom
do Hotel Hilton do Aeroporto de Miami só é usado em
ocasiões importantes e raras, por ser muito grande.
Sendo assim, seus carpetes
alaranjados com motivos
florais escondem pulgas que
atacaram ao menos um dos
que esperavam o resultado
das eleições primárias republicanas, na noite de terça.
Este saiu às 21h15 (0h15 de
Brasília), para a alegria metade ensaiada, metade espontânea de voluntários e
claque que tomavam o palco.
Minutos depois, aos gritos
de "Mac is back" (Mac voltou) e ao som do tema de
"Rocky, Um Lutador", ele
chega. John McCain, 71, está
acompanhado da mulher, a
ex-rainha de rodeio Cindy,
supostos 54 anos, metida
num tailleur verde, e da filha,
Meghan, 24, com quilos sobrando num conjunto preto.
O começo de sua fala o espera no teleprompter no
fundo da sala há 15 minutos:
"Obrigado, obrigado, Flórida, por trazer de volta este
ex-morador". Aplausos.
Nessa noite e nesta corrida
para suceder Bush, o senador do Arizona e ex-veterano
de guerra tem a trajetória
oposta à de Rudolph Giuliani, que até dezembro liderava a corrida e acabou em terceiro na Flórida. Há um mês,
a candidatura de McCain havia sido declarada morta por
falta de dinheiro e voto. Hoje, ele é líder nacional.
Sua ascensão a partir de
New Hampshire, no dia 8, é
atribuída ao apelo que tem
com os republicanos de centro. "McCain está conquistando os independentes, assim como Barack Obama",
diz Morris Fiorina, professor
de política da Universidade
Stanford, na Califórnia.
Para o veterano de guerra
Francisco Penela, o motivo é
outro. "Não o escolhi só por
ser um ex-combatente como
eu", disse à Folha o cubano-americano de 63 anos. "É a
integridade, o valor humano." E acrescenta: "Votaria
em qualquer republicano
que possa bater "la" Hillary".
A impressão de Penela é
amparada por números. Segundo pesquisa da semana
passada do "Wall Street
Journal" e da rede NBC, ele
é o único republicano que
chega perto de bater tanto
Hillary quanto Obama, com
respectivamente 46% a 44%
no primeiro cenário e empate de 42% no segundo. Essa
pode ter sido a razão que o
levou a conquistar parte do
eleitorado ultraconservador.
Não atrapalhou também o
apoio recém-declarado do
governador da Flórida,
Charlie Crist, popularidade
acima de 70%. Rumores dão
conta de que o republicano
pleiteie a posição de vice na
chapa de McCain. À Folha,
ele nega. "Não penso nisso
agora", disse, ao deixar o palco. "O importante é conquistar as indicações."
Nos últimos dias, McCain
se atracou verbalmente com
seu atual principal concorrente, Mitt Romney. Com a
repercussão negativa, o político recuou -mas mostrou
até onde pode ir. O destempero quase lhe custou um
apoio importante. Ao indicar que poderia apoiar o ex-rival, no discurso em que admitiu a derrota, Giuliani
passou um sabão público
sem citar nomes ao mencionar a temperatura dos ataques entre os dois.
Termina a comemoração,
John McCain beija a mulher
e a filha e deixa o palco ao
som de "Johnny B. Goode",
o rock de 1958 de Chuck
Berry que faz um trocadilho
com o nome do personagem
e um apelo para que Joãozinho seja bom agora. É o que
espera Romney e o que exigirá Giuliani.
Texto Anterior: Americanas Próximo Texto: Relatório critica militares de Israel e poupa Olmert Índice
|