São Paulo, quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

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Relatório critica militares de Israel e poupa Olmert

Comissão vê "falhas e deficiências" na campanha de 2006 contra o Hizbollah

Confronto com grupo xiita no Líbano matou até 1.200 civis naquele país; os israelenses perderam 119 militares e cerca de 40 civis

DA REDAÇÃO

A comissão formada em Israel para analisar os controvertidos resultados da campanha militar de julho e agosto de 2006, contra o grupo xiita Hizbollah, no Líbano, publicou ontem relatório em que aponta "falhas e deficiências" do Exército e do governo.
Mas o documento, visto como crucial para a sobrevivência política do primeiro-ministro Ehud Olmert, afirma que ele "agiu no interesse do Estado de Israel". Isso o poupa de um processo de afastamento, por mais que o Likud, o principal partido da oposição de direita, tenha pedido eleições antecipadas.
O porta-voz de Olmert, Jacob Galanti, disse à TV israelense que o premiê estava "respirando aliviado", após a publicação do documento de 500 páginas.
A comissão encarregada de analisar a campanha contra o Hizbollah -a primeira na história de Israel que não teve como desfecho uma contundente vitória- foi presidida por Eliyahu Winograd, magistrado aposentado, sendo também integrada por dois cientistas políticos e dois generais da reserva.
Winograd afirmou que falhas ocorreram no mais alto escalão de decisões militares, sobretudo o das forças terrestres. Acusou-as de falta de preparo ao cumprir ordens ou improvisar decisões diante do inimigo.
Para o magistrado, Israel "falhou em sua missão" de neutralizar o Hizbollah. O Exército, prosseguiu, estava "despreparado". Ele ressalvou, no entanto, que o primeiro-ministro e o ministro da Defesa "agiram de acordo com o que consideraram ser o interesse de Israel".
Em Beirute, porta-voz do Hizbollah -mistura de partido político, milícia e entidade assistencial xiita, linha muçulmana majoritária no Líbano- disse que o relatório Winograd "demonstra que Israel sofreu uma derrota" no confronto com suas forças.
Olmert é acusado pelo texto de inabilidade ao determinar ofensiva final, poucas horas antes que entrasse em vigor um cessar-fogo, imposto pela ONU. Na operação morreram 33 militares israelenses.

Resposta ao Hizbollah
As operações de 2006 foram desencadeadas em represália a uma ofensiva do Hizbollah, que atravessou a fronteira com Israel, matando três soldados e capturando dois outros. Morreram no conflito entre 1.000 e 1.200 civis libaneses e 119 soldados e 40 civis israelenses. O Hizbollah lançou contra Israel cerca de 4.000 mísseis.
Na época, os Estados Unidos, que vetaram seguidamente qualquer decisão de cessar-fogo, disseram-se -em declarações oficiosas- decepcionados com as forças israelenses.
Olmert, que meses antes assumira a chefia do gabinete em substituição a Ariel Sharon, até hoje em coma, foi desde então considerado um premiê fraco.
Suas decisões com relação aos palestinos -a possível remoção dos assentamentos na Cisjordânia e divisão de Jerusalém- eram contestadas em termos internos e externos.
Sem um passado como militar com um histórico na defesa de Israel -uma das características de seus antecessores-, o premiê esteve desde agosto de 2006 com sua sobrevivência política ameaçada, na dependência de uma possível degola pelo relatório Winograd.


Com agências internacionais


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