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Relatório critica militares de Israel e poupa Olmert
Comissão vê "falhas e deficiências" na campanha de 2006 contra o Hizbollah
Confronto com grupo
xiita no Líbano matou até
1.200 civis naquele país; os
israelenses perderam 119
militares e cerca de 40 civis
DA REDAÇÃO
A comissão formada em Israel para analisar os controvertidos resultados da campanha
militar de julho e agosto de
2006, contra o grupo xiita Hizbollah, no Líbano, publicou ontem relatório em que aponta
"falhas e deficiências" do Exército e do governo.
Mas o documento, visto como crucial para a sobrevivência
política do primeiro-ministro
Ehud Olmert, afirma que ele
"agiu no interesse do Estado de
Israel". Isso o poupa de um processo de afastamento, por mais
que o Likud, o principal partido
da oposição de direita, tenha
pedido eleições antecipadas.
O porta-voz de Olmert, Jacob
Galanti, disse à TV israelense
que o premiê estava "respirando aliviado", após a publicação
do documento de 500 páginas.
A comissão encarregada de
analisar a campanha contra o
Hizbollah -a primeira na história de Israel que não teve como desfecho uma contundente
vitória- foi presidida por Eliyahu Winograd, magistrado
aposentado, sendo também integrada por dois cientistas políticos e dois generais da reserva.
Winograd afirmou que falhas
ocorreram no mais alto escalão
de decisões militares, sobretudo o das forças terrestres. Acusou-as de falta de preparo ao
cumprir ordens ou improvisar
decisões diante do inimigo.
Para o magistrado, Israel "falhou em sua missão" de neutralizar o Hizbollah. O Exército,
prosseguiu, estava "despreparado". Ele ressalvou, no entanto, que o primeiro-ministro e o
ministro da Defesa "agiram de
acordo com o que consideraram ser o interesse de Israel".
Em Beirute, porta-voz do
Hizbollah -mistura de partido
político, milícia e entidade assistencial xiita, linha muçulmana majoritária no Líbano- disse que o relatório Winograd
"demonstra que Israel sofreu
uma derrota" no confronto
com suas forças.
Olmert é acusado pelo texto
de inabilidade ao determinar
ofensiva final, poucas horas antes que entrasse em vigor um
cessar-fogo, imposto pela
ONU. Na operação morreram
33 militares israelenses.
Resposta ao Hizbollah
As operações de 2006 foram
desencadeadas em represália a
uma ofensiva do Hizbollah, que
atravessou a fronteira com Israel, matando três soldados e
capturando dois outros. Morreram no conflito entre 1.000 e
1.200 civis libaneses e 119 soldados e 40 civis israelenses. O
Hizbollah lançou contra Israel
cerca de 4.000 mísseis.
Na época, os Estados Unidos,
que vetaram seguidamente
qualquer decisão de cessar-fogo, disseram-se -em declarações oficiosas- decepcionados
com as forças israelenses.
Olmert, que meses antes assumira a chefia do gabinete em
substituição a Ariel Sharon, até
hoje em coma, foi desde então
considerado um premiê fraco.
Suas decisões com relação
aos palestinos -a possível remoção dos assentamentos na
Cisjordânia e divisão de Jerusalém- eram contestadas em
termos internos e externos.
Sem um passado como militar com um histórico na defesa
de Israel -uma das características de seus antecessores-, o
premiê esteve desde agosto de
2006 com sua sobrevivência
política ameaçada, na dependência de uma possível degola
pelo relatório Winograd.
Com agências internacionais
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