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Italiano tentará formar governo tampão
Presidente encarrega presidente do Senado de negociar reforma eleitoral antes de antecipar eleições
DA REDAÇÃO
O presidente italiano, Giorgio Napolitano, encarregou ontem o presidente do Senado,
Franco Marini, de chefiar um
gabinete interino que reforme
o sistema eleitoral, antes da
convocação de eleições legislativas antecipadas.
A solução foi rejeitada pelo líder da direita, o ex-premiê Silvio Berlusconi, que exige eleições imediatas, fortalecido pela
dianteira de dez pontos que
pesquisas dão a seu bloco.
"Não precisamos mudar a lei
eleitoral. Não há espaço para
diálogo. Pedimos eleições imediatas", reafirmou.
A Itália está em crise desde a
quinta-feira da semana passada, quando o Senado rejeitou
voto de confiança ao primeiro-ministro Romano Prodi, que liderou por 20 meses uma frágil
coalizão predominantemente
esquerdista. Seu gabinete foi o
61º desde a Segunda Guerra.
Napolitano, do Partido Democrático (formado a partir do
PC Italiano e de duas agremiações menores), argumentou
que "dissolver o Parlamento
depois de menos de dois anos
[das últimas eleições] seria
uma decisão grave".
Marini inicia hoje as articulações para montar o gabinete.
Sua principal e dificílima tarefa será a de convencer Berlusconi de que um governo interino é mais conveniente que
eleições imediatas. O ex-premiê e magnata da mídia poderá
mobilizar seus partidários e inviabilizar a aprovação parlamentar do nome de Marini, o
que forçaria Napolitano a dissolver a Câmara e o Senado.
A legislação eleitoral, consensualmente inadequada na
visão da esquerda, foi aprovada
no longo governo Berlusconi
(2001-2006). Ela dá aos pequenos partidos uma representação parlamentar amplificada e,
por efeitos do voto distrital, aumenta a maioria parlamentar
na Câmara e a diminui no Senado, fatores vistos como geradores de crises políticas.
Militante católico
Marini, 74 anos, um ex-sindicalista e militante católico, afirmou que se concentrará nessa
reforma para que ela seja aprovada "o mais rapidamente".
A escolha de seu nome foi recebida positivamente por Luca
Cordero de Montezemolo, líder da confederação patronal.
Bem mais que a agenda política, a Itália se vê de uma hora
para outra acéfala em sua política econômica, em meio às turbulências geradas pelo mercado imobiliário americano.
O governo Prodi conseguiu
reduzir o déficit fiscal. Empresários e sindicatos temem que a
volta de Berlusconi, considerado como um perdulário, coloque em xeque esse equilíbrio.
"Esperamos que as políticas
de Prodi e Padoa-Schioppa [ministro da Economia] tenham
continuidade", disse em Bruxelas Joaquim Almunia, comissário para questões econômicas
da União Européia.
Em caso de eleições imediatas, o instituto Ipso atribui ao
bloco liderado por Berlusconi
54% dos votos, contra 44,5% à
coligação em torno do Partido
Democrático, agora sob a liderança de Walter Veltroni, prefeito de Roma. Veltroni perderia por menor diferença caso se
desfizesse da aliança com pequenos partidos, dos católicos
aos neocomunistas.
Com agências internacionais
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