São Paulo, quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

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Italiano tentará formar governo tampão

Presidente encarrega presidente do Senado de negociar reforma eleitoral antes de antecipar eleições

DA REDAÇÃO

O presidente italiano, Giorgio Napolitano, encarregou ontem o presidente do Senado, Franco Marini, de chefiar um gabinete interino que reforme o sistema eleitoral, antes da convocação de eleições legislativas antecipadas.
A solução foi rejeitada pelo líder da direita, o ex-premiê Silvio Berlusconi, que exige eleições imediatas, fortalecido pela dianteira de dez pontos que pesquisas dão a seu bloco.
"Não precisamos mudar a lei eleitoral. Não há espaço para diálogo. Pedimos eleições imediatas", reafirmou.
A Itália está em crise desde a quinta-feira da semana passada, quando o Senado rejeitou voto de confiança ao primeiro-ministro Romano Prodi, que liderou por 20 meses uma frágil coalizão predominantemente esquerdista. Seu gabinete foi o 61º desde a Segunda Guerra.
Napolitano, do Partido Democrático (formado a partir do PC Italiano e de duas agremiações menores), argumentou que "dissolver o Parlamento depois de menos de dois anos [das últimas eleições] seria uma decisão grave".
Marini inicia hoje as articulações para montar o gabinete.
Sua principal e dificílima tarefa será a de convencer Berlusconi de que um governo interino é mais conveniente que eleições imediatas. O ex-premiê e magnata da mídia poderá mobilizar seus partidários e inviabilizar a aprovação parlamentar do nome de Marini, o que forçaria Napolitano a dissolver a Câmara e o Senado.
A legislação eleitoral, consensualmente inadequada na visão da esquerda, foi aprovada no longo governo Berlusconi (2001-2006). Ela dá aos pequenos partidos uma representação parlamentar amplificada e, por efeitos do voto distrital, aumenta a maioria parlamentar na Câmara e a diminui no Senado, fatores vistos como geradores de crises políticas.

Militante católico
Marini, 74 anos, um ex-sindicalista e militante católico, afirmou que se concentrará nessa reforma para que ela seja aprovada "o mais rapidamente".
A escolha de seu nome foi recebida positivamente por Luca Cordero de Montezemolo, líder da confederação patronal.
Bem mais que a agenda política, a Itália se vê de uma hora para outra acéfala em sua política econômica, em meio às turbulências geradas pelo mercado imobiliário americano.
O governo Prodi conseguiu reduzir o déficit fiscal. Empresários e sindicatos temem que a volta de Berlusconi, considerado como um perdulário, coloque em xeque esse equilíbrio.
"Esperamos que as políticas de Prodi e Padoa-Schioppa [ministro da Economia] tenham continuidade", disse em Bruxelas Joaquim Almunia, comissário para questões econômicas da União Européia.
Em caso de eleições imediatas, o instituto Ipso atribui ao bloco liderado por Berlusconi 54% dos votos, contra 44,5% à coligação em torno do Partido Democrático, agora sob a liderança de Walter Veltroni, prefeito de Roma. Veltroni perderia por menor diferença caso se desfizesse da aliança com pequenos partidos, dos católicos aos neocomunistas.


Com agências internacionais


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