São Paulo, domingo, 31 de janeiro de 2010

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Governo faz acusação a humorista

DE CARACAS

Um artigo do humorista Laureano Márquez em que ele especula sobre como seria a Venezuela sem o presidente Hugo Chávez desatou a ira do governo nacional, que o acusou de "fascista" e o denunciou ao Ministério Público.
No texto, publicado anteontem pelo diário "Tal Cual", Márquez imagina que, no primeiro dia sem "Esteban" (usado na Venezuela como "fulano" ou como uma abreviação de "este bandido"), "as pessoas realmente não podem acreditar e começam a viver um estado de confusão. Grupos armados pró-governo (anterior) destroem o que havia sobrado do país (o que felizmente era muito pouco)".
Nos dez anos sem "Esteban", escreve Márquez, "se consegue açúcar novamente nos supermercados" venezuelanos. Vinte anos depois, "morre oficialmente [o líder cubano] Fidel Castro, e Raúl [Castro] pede a Esteban que abandone Cuba".
O texto termina com cem anos sem "Esteban": "As pessoas veem com assombro os vídeos de como ele governava o país, de como tratava os cidadãos e seus próprios ministros. Muitos acham que se trata de uma piada do programa de humor mais antigo da televisão venezuelana".
Em nota divulgada anteontem, o Ministério da Comunicação venezuelano acusa o artigo de Márquez de usar "o clássico libreto fascista para derrocar o governo revolucionário" e de ser "um convite a um plano golpista, genocida e terrorista, disfarçado por meio do humor".
Não é a primeira vez que Márquez é alvo de investida do governo Chávez.
Em 2007, ele e o "Tal Cual" foram condenados pela Justiça venezuelana a pagar uma multa de US$ 18,6 mil. O processo teve início depois de o presidente venezuelano ter reclamado, em comentário na televisão, de um artigo em que o humorista mencionara a sua filha menor de idade. (FM)


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