São Paulo, domingo, 31 de janeiro de 2010

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Tropas têm boa aceitação popular, diz brasileiro

DO ENVIADO A PORTO PRÍNCIPE

O contingente brasileiro da força de paz da ONU diz que a relação dos soldados com a população haitiana é a "melhor possível", mas que acompanha com preocupação a existência de segmentos radicais que pedem sua saída do país.
"Creditamos essa boa relação à forma de atuação da tropa brasileira, que prioriza patrulhas a pé. Nesses momentos, é possível ter um contato direto com a população", diz o coronel Alan Santos, chefe do setor de comunicação social do Brabatt (o batalhão brasileiro, com cerca de 1.000 homens).
Prova disso, segundo ele, está no fato de hoje haver inúmeros haitianos, sobretudo crianças, que falam ao menos um pouco de português, em razão do contato com os soldados.
O Brabatt tem em mãos uma pesquisa feita no ano passado com a população da região central de Porto Príncipe (área sob controle brasileiro) em que se perguntava: "Você é favorável à presença de tropas da Minustah em sua comunidade?"
Em praticamente todos os bairros a aceitação foi superior a 90%, mas com importantes exceções. Em Bel Air, palco dos maiores confrontos com gangues entre 2004 e 2007 e nos arredores da Universidade do Haiti, o índice de apoio cai abaixo de 80%.
"Em Bel Air, pela topografia do terreno [morro], as ações de pacificação foram mais difíceis. Mas em Cité Soleil [maior favela da capital haitiana], outro ponto que concentra apoiadores de Aristide, nossa aceitação é de mais de 90%", afirma o coronel Santos.
Segundo ele, o Brasil adota como estratégia não deixar que focos de tensão se desenvolvam. "A gente não deixa crescer. Saiu um tiro, nós buscamos até o fim quem é o responsável, para evitar que isso degenere", declara.

Inteligência
O Brabatt conta com um setor de inteligência, responsável por manter relações com líderes comunitários que relatam possíveis riscos à segurança. Há informantes em todos pontos mais problemáticos, de acordo com Santos.
O contingente brasileiro diz ainda que manifestações pacíficas pedindo a volta de Aristide são autorizadas, embora haja acompanhamento permanente sobre elas. (FZ)


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