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Tropas têm boa aceitação popular, diz brasileiro
DO ENVIADO A PORTO PRÍNCIPE
O contingente brasileiro da
força de paz da ONU diz que a
relação dos soldados com a população haitiana é a "melhor
possível", mas que acompanha
com preocupação a existência
de segmentos radicais que pedem sua saída do país.
"Creditamos essa boa relação
à forma de atuação da tropa
brasileira, que prioriza patrulhas a pé. Nesses momentos, é
possível ter um contato direto
com a população", diz o coronel
Alan Santos, chefe do setor de
comunicação social do Brabatt
(o batalhão brasileiro, com cerca de 1.000 homens).
Prova disso, segundo ele, está
no fato de hoje haver inúmeros
haitianos, sobretudo crianças,
que falam ao menos um pouco
de português, em razão do contato com os soldados.
O Brabatt tem em mãos uma
pesquisa feita no ano passado
com a população da região central de Porto Príncipe (área sob
controle brasileiro) em que se
perguntava: "Você é favorável à
presença de tropas da Minustah em sua comunidade?"
Em praticamente todos os
bairros a aceitação foi superior
a 90%, mas com importantes
exceções. Em Bel Air, palco dos
maiores confrontos com gangues entre 2004 e 2007 e nos
arredores da Universidade do
Haiti, o índice de apoio cai abaixo de 80%.
"Em Bel Air, pela topografia
do terreno [morro], as ações de
pacificação foram mais difíceis.
Mas em Cité Soleil [maior favela da capital haitiana], outro
ponto que concentra apoiadores de Aristide, nossa aceitação
é de mais de 90%", afirma o coronel Santos.
Segundo ele, o Brasil adota
como estratégia não deixar que
focos de tensão se desenvolvam. "A gente não deixa crescer. Saiu um tiro, nós buscamos
até o fim quem é o responsável,
para evitar que isso degenere",
declara.
Inteligência
O Brabatt conta com um setor de inteligência, responsável
por manter relações com líderes comunitários que relatam
possíveis riscos à segurança. Há
informantes em todos pontos
mais problemáticos, de acordo
com Santos.
O contingente brasileiro diz
ainda que manifestações pacíficas pedindo a volta de Aristide
são autorizadas, embora haja
acompanhamento permanente
sobre elas.
(FZ)
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