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Bolívia enfrenta greves nos setores de gás e transportes
Bloqueio de estrada em Camiri levou a confronto com Exército que deixou 22 feridos
Funcionários do gás pedem postos de trabalho, e setor de transporte reivindica que veto a exportação de óleo seja suspenso por 60 dias
DA REDAÇÃO
A tumultuada situação interna na Bolívia, onde governadores da oposição se negam a
aceitar a reforma constitucional de Evo Morales e pregam a
autonomia de seus Departamentos, ganhou novos contornos conflituosos nos últimos
dias, com protestos e greves de
trabalhadores dos setores de
gás e petróleo e de transportes.
O diálogo entre o governo
Morales e os comitês cívicos
(entidades empresariais) da região gasífera de Camiri (leste)
foi interrompido ontem, depois
que o ministro dos Hidrocarbonetos, Carlos Villegas, disse
considerar "completamente
inviável" atender o pedido dos
petroleiros de criar mil novos
postos de trabalho na região.
"Em toda a Bolívia, há 1.200
trabalhadores na YPFB [estatal
de gás e petróleo]", disse Villegas. Além dos postos de trabalho, os líderes de Camiri exigem
a nacionalização de um campo
controlado pela empresa hispânico-argentina Repsol-YPF,
entre outras demandas.
Com a interrupção do diálogo, os funcionários da indústria
de gás de Camiri anunciaram
que manterão o bloqueio de
uma estrada que liga o Departamento de Santa Cruz à Argentina e que tomarão o campo da
Repsol-YPF. Na sexta, houve
confronto entre o Exército boliviano e os manifestantes, deixando 22 feridos -cenário que
pode se repetir, já que tropas
seguem mobilizadas na região.
Outros bloqueios
O bloqueio de estradas deve
se espalhar para outras regiões,
por motivos diversos. A Câmara Boliviana de Transporte
(CBT), que reúne 560 empresas do setor do país, anunciou
que iniciará hoje uma semana
de greve, que incluirá bloqueios
a rodovias que ligam o país a
Peru, Chile e Argentina.
A medida é uma retaliação à
decisão tomada na semana passada pelo governo Morales de
proibir, por tempo indeterminado, a exportação de óleo comestível a países andinos, Holanda e Japão -mercados que
respondem por ingressos
anuais de US$ 200 milhões. O
objetivo da medida é controlar
a subida dos preços no mercado
interno boliviano.
"Demandamos uma trégua
de 60 dias no veto às exportações, para que o governo possa
conversar com os produtores
agropecuários e chegar a alguma conclusão", afirmou ontem
o presidente da CBT, Enrique
Martínez.
Paralelamente, o sindicato
de motoristas convocou para
amanhã e depois uma paralisação de 48 horas no transporte
urbano. A medida incluirá o
bloqueio de ruas e avenidas.
O motivo de mais esse protesto é o não-atendimento pelo
governo de uma pauta de reivindicação dos motoristas, que
demandam a revisão no regime
impositivo que incide sobre
eles e cobram subsídios.
A Bolívia vive uma profunda
crise interna há meses, motivada pela Assembléia Constituinte convocada pelo presidente
Evo Morales, que tem sua validade questionada pela oposição. O rico Departamento de
Santa Cruz, governado por um
oposicionista, convocou para o
dia 4 de maio um referendo sobre sua autonomia, cuja validade é refutada por La Paz.
Com agências internacionais
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