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Cuba amplia reforma do setor agrícola
Raúl Castro transfere poder na empresa de distribuição de alimentos e dobra número de mercados com preços livres
Objetivo é tentar dar mais eficiência à produção, já que o país importa 60% dos alimentos; críticos veem entraves para as mudanças
Claudia Daut - 29.mar.09/Reuters
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ARTE E TRIBUNA
Dançarinos participam de performance na Bienal de Arte de Havana; a artista Tania Bruguera
ofereceu ontem ao público, entre eles críticos do governo, um minuto de tribuna livre no país
DA REUTERS
Em mais um passo para tentar injetar eficiência em sua
combalida economia, o governo de Cuba realizará reformas
no complexo estatal responsável pela compra e distribuição
de 90% da produção agrícola do
país e ampliará o espaço da economia de mercado no setor.
O dirigente Raúl Castro deve
praticamente dobrar -de 156
para 300- o número de mercados livres em que agricultores
podem comercializar a parcela
de sua produção que exceda a
cota que devem vender, a preços regulados, ao Estado.
O governo cubano, no entanto, ainda não anunciou oficialmente a mudança.
Tais agromercados são dos
poucos locais na ilha onde funciona, em linhas gerais, um
princípio de oferta e procura no
estabelecimento de preços, o
que permite ganhos maiores
aos agricultores, incentivando
a produção.
Ao mesmo tempo, Raúl Castro deve transferir o controle
da compra e distribuição estatal de produtos do Ministério
da Agricultura para o Ministério de Comércio Interior, mudança apoiada por fazendeiros
locais. A ideia é tentar dar mais
eficiência ao sistema, bastante
criticado dentro de Cuba.
Uma maior produção de alimentos tem sido uma das metas prioritárias de Raúl Castro
desde que ele assumiu o poder
na ilha, no início do ano passado, já que Cuba hoje importa
cerca de 60% do total de alimentos que consome.
Outras medidas já haviam sido adotadas: o governo aumentou o preço tabelado pago pelos
produtos agrícolas -alguns triplicaram. Também terras públicas ociosas têm sido distribuídas a agricultores privados.
A reforma na agricultura, no
entanto, enfrenta problemas.
Na semana passada, o diário
oficial "Juventude Rebelde"
disse que ela "anda lentamente". Desde meados de 2008,
meio milhão de hectares foram
entregues a 56 mil pessoas, mas
a maioria precisa de "alfabetização agrícola" e faltam até
mesmo sementes e fios de arame para cercas, diz o jornal.
A produção agrícola também
foi prejudicada pelos três furacões que atingiram a ilha no
ano passado.
Menos burocracia
Problemas de ineficiência
não são exclusivos da agricultura, e uma das interpretações
para a reforma de gabinete promovida por Raúl Castro há um
mês é a de que ele teria nomeado auxiliares próximos -muitos deles militares- para tentar impor reformas tecnocráticas em vários setores da vida
econômica cubana.
Na semana passada, o governo deu um desses passos, ao
pôr fim à exigência de que gastos de empresas estatais superiores a US$ 10 mil tivessem
que ser previamente autorizados pelo Banco Central do país.
As regras anteriores tornavam ainda mais difíceis e morosas decisões de investimento
numa economia bastante centralizada. O objetivo da nova
medida é dar maior liberdade
às empresas.
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