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Vaticano quer blindar papa em processos
Segundo a Associated Press, Santa Sé prepara defesa para se desvincular de omissões em caso de abusos
DA ASSOCIATED PRESS
O Vaticano prepara defesa
para blindar o papa Bento 16
em processo que corre no Estado americano de Kentucky pela
suposta negligência da Santa Sé
em casos de pedofilia. A ação, se
resultar em condenação, pode
abrir precedente a uma série de
processos nos EUA contra o
Vaticano por relatos de abusos.
No momento em que se acumulam revelações de casos de
pedofilia nos EUA e na Europa
-e em ao menos dois deles envolvendo o atual papa enquanto ele ainda não tinha assumido
o cargo-, a defesa vai buscar
desvincular a Santa Sé de acobertamentos, por parte de bispos, dos abusos a partir de três
argumentos principais.
Segundo documento obtido
pela agência Associated Press,
o Vaticano pretende, primeiramente, alegar imunidade do papa por se tratar, além de líder
da igreja, de chefe de Estado.
A defesa prevê também dizer
que os bispos americanos responsáveis pelo acobertamento
dos casos de pedofilia não são
empregados do Vaticano e, por
fim, que documento da década
de 1960 apresentado pela acusação não proíbe bispos de denunciar à polícia os abusos.
Ainda de acordo com a Associated Press, uma prévia da argumentação da defesa foi apresentada no mês passado, e a peça será formalmente registrada
nas próximas semanas.
O processo judicial foi aberto
em 2004, na corte de Louisville, por três homens que dizem
ter sido abusados por padres e
acusam o Vaticano de negligência. O advogado da acusação,
William McMurry, quer que o
caso sirva de parâmetro para
todos os demais em curso, dizendo haver milhares de vítimas de abusos semelhantes.
"Esse caso é o único caso já
aberto contra o Vaticano que
pretende unicamente fazer o
Vaticano responder por todos
os abusos já cometidos neste
país", disse McMurry. "Não há
nenhum outro réu. Não há bispos, não há padres", afirmou.
Para a acusação, a responsabilidade do Vaticano pelos casos é configurada pelo fato de
os bispos serem, sim, empregados da Santa Sé e de o suposto
documento dos anos 60 ordenar que eles não tornassem públicas as acusações de abusos.
O caso, se prosperar, tem o
potencial de agravar a crise em
que a Igreja Católica se encontra após os relatos de pedofilia
que têm vindo à tona desde o
ano passado -em países como
Alemanha, Irlanda, Holanda,
Áustria e Suíça, além dos
EUA-, e a revelação na última
semana de caso que indica
omissão por parte de Bento 16.
No episódio, segundo o jornal "New York Times", o então
cardeal Joseph Ratzinger poupou de julgamento em 1996 o
padre Lawrence Murphy, acusado de molestar 200 garotos.
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