São Paulo, quarta-feira, 31 de maio de 2006

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Invasão deu tom radical ao movimento

DA REDAÇÃO

No dia 4 de novembro de 1979, estudantes iranianos invadiram a Embaixada dos Estados Unidos em Teerã e fizeram 52 reféns, exigindo que o xá Reza Pahlevi, que estava nos EUA, fosse extraditado para ser julgado no Irã. Pahlevi era um antigo aliado dos Estados Unidos que, em 1953, haviam apoiado o golpe que derrubou o premiê nacionalista iraniano Mohammad Mossadegh.
A ação teria efeitos desastrosos para os EUA. Perseguido e reprimido pelo regime pró-Ocidente do xá (1953-1979), o nacionalismo iraniano acabou refugiando-se nas mesquitas, transformando os clérigos nos líderes da revolução da qual a invasão da embaixada foi o cartão de visitas mais estrondoso.
A crise dos reféns dominou os 14 meses restantes do governo Jimmy Carter (1977-1981) e marcou o rompimento diplomático entre Teerã e Washington. Em 20 de janeiro de 1981, 20 minutos após o discurso de posse de Ronald Reagan, os reféns foram libertados. Haviam ficado 444 dias detidos.
A invasão da Embaixada foi o ápice da escalada de nacionalismo deflagrada nove meses antes, quando a Revolução Islâmica derrubou o xá e colocou o aiatolá Khomeini no poder. O fracasso de duas missões americanas de resgate dos reféns, em 1980, aumentou o ressentimento contra os EUA, que na retórica fundamentalista do aiatolá Khomeini eram chamados de "grande satã".
Um dos sete filhos de uma família de classe média de Garmsar, sudeste de Teerã, o atual presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, se uniu à facção ultraconservadora do Escritório pelo Fortalecimento da União, o grupo radical estudantil que invadiu a Embaixada. Ele teria, segundo relatos da época, comparecido às reuniões de planejamento da invasão. Quando tomou posse, surgiram rumores de que teria participado da invasão, mas ele os negou.


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