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Brasil será sócio nº 1 de Cuba, diz Amorim
Venezuela é hoje o principal parceiro cubano; seminário leva à ilha empresários brasileiros interessados em investir
Acordo prevê cultivo de soja em projeto agrícola; setor, prioritário para a nova liderança cubana, começa a se abrir a estrangeiros
Efe
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Amorim assina acordos em Havana com o chanceler cubano; ele saudou a "nova fase" da ilha
FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL A HAVANA
O Brasil quer ser o "sócio número um" na "nova fase" da vida de Cuba. A mensagem foi
trazida pelo chanceler brasileiro, Celso Amorim, que viajou a
Havana com uma comissão de
empresários. Ele assinou ontem um acordo para avançar a
cooperação técnica para o plantio de soja na ilha, uma das raras experiências de parceria
com estrangeiros em agricultura, alçada ao patamar de área
estratégica pelo novo líder cubano, Raúl Castro.
"Este é um momento novo,
renovado de Cuba. O Brasil não
quer ser o sócio número dois,
quer ser o sócio número um no
progresso da ilha", disse o
chanceler, ao lado do colega cubano, Felipe Pérez Roque.
O principal parceiro e aliado
de Cuba é há alguns anos a Venezuela de Hugo Chávez, o que
reveste o recado brasileiro também de sentido político (embora Amorim tenha dito que a liderança brasileira se dará "sem
excluir" outros países). O Brasil
é o número dois no ranking de
intercâmbio comercial de Cuba
com a América Latina (US$ 412
milhões em 2007), mas só o oitavo no mundo.
A missão brasileira chegou a
Cuba anteontem para aprofundar os acordos fechados na visita do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva à ilha -definida
por Amorim como "de trabalho
e de afeto". Segundo o ministro,
Lula acompanha "pessoalmente" a parceria bilateral.
Se não tem os mais de US$ 2
bilhões anuais do comércio Venezuela-Cuba, que se traduz na
troca de muito petróleo barato
por serviços médicos cubanos e
lastro ideológico, a proposta do
Brasil é oferecer cooperação
técnica, ajudar na "segurança
alimentar" da ilha e negociar
investimentos em infra-estrutura. Como os combustíveis, os
últimos dois também são gargalos da economia cubana.
O único acordo assinado foi
um instrumento jurídico para
aprofundar a parceria técnica,
por meio da Embrapa, para semear até 40 mil hectares de soja em Cuba. A parceria não envolve aquisição de terras.
Para conhecedores da ilha, a
posse de terras por estrangeiros é veto consagrado pelo regime castrista, mas o investimento estrangeiro já acontece em
vários setores desde os anos 90.
"As pessoas têm uma visão
errada da economia de Cuba. O
investimento estrangeiro está
nas mais importantes áreas da
economia. No turismo, na geração de energia, na exploração
de petróleo", disse o ministro
de Comércio Exterior cubano,
Raúl de La Nuez.
Na mão de militares
O projeto da soja foi entregue
às mãos da alta cúpula militar e
é também acompanhado "pessoalmente" por Raúl Castro,
como frisou o chanceler Pérez
Roque em conversa com Amorim, diante dos jornalistas.
Da cerimônia de assinatura,
participaram os dois responsáveis pela iniciativa, o general-de-divisão, Ruben Martínez
Puente, diretor da União Agropecuária, espécie de braço militar para projetos agropecuários, e o coronel Abel Izquierdo,
chefe da Direção Econômica
das Forças Armadas.
Desde 2006, Raúl Castro
anunciou ênfase na produção
agropecuária, com uma série de
medidas para ampliar a produtividade. E não parece um acaso que o projeto com o Brasil fique sob comando dos militares.
Raúl foi chefe das Forças Armadas desde 1959 e, na profunda crise dos anos 90, foram os
militares que assumiram, e comandam até hoje, setores estratégicos da ilha como o turismo, a principal fonte de divisas.
Da missão brasileira, participaram representantes de cerca
de 40 empresas, entre elas a
construtora Camargo Correa e
a Volvo -capital brasileiro já
está na ilha em uma parceria
para a produção de tabaco e na
importação de máquinas agrícolas, principalmente. Também vieram representantes do
BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social). Segundo Amorim, o
Brasil já tem acordo para crédito de US$ 150 milhões para a
importação de alimentos. A
Apex, agência brasileira de
apoio à exportação, vai abrir escritório em Havana.
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