São Paulo, sábado, 31 de maio de 2008

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Produção de alimentos é grande gargalo da economia cubana

DA ENVIADA A HAVANA

O chanceler brasileiro, Celso Amorim, frisou em Havana a "nova fase" por que passa Cuba, cuja faceta mais conhecida são as medidas de liberalização de consumo, como DVDs e computadores. Mas, para os conhecedores, o setor em que, de fato, Havana demonstrou intenção de flexibilizar seus dogmas - não houve sinal de abertura política- foi a agricultura.
Mesmo antes de assumir o poder formal, em fevereiro deste ano, Raúl Castro já havia tomado medidas na área, como o pagamento de dívidas do Estado com produtores agropecuários e a melhoria dos preços pagos pelo governo.
Havana também criou postos de vendas diretas de insumos e anunciou que vai redistribuir terras antes usadas para cana a produtores privados. Esses produtores são uma classe ascendente em Cuba, porque, com 20% das terras, produzem mais da metade da comida consumida no país. Os alimentos são o principal gasto na pauta de importação da ilha num contexto de alta mundial de preços.
Os agromercados urbanos são a outra ponta da prosperidade relativa dos pequenos produtores. Criados em 1994, na crise pós-fim da URSS, neles os excedentes dos contratos com o Estado são vendidos a preços não regulados.
Analistas e os próprios produtores disseram à Folha no mês passado que têm dinheiro em caixa, mas muitas vozes são céticas sobre a virada que eles podem trazer, depois de anos de escassez de fertilizantes e queda da produção. O economista Pedro Monreal, da Universidade de Havana, lembra que é ingênuo pensar em arrancada econômica num país invadido pelo marabu -praga que se alastrou nas terras ociosas com a redução da cana. (FM)


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