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Produção de alimentos é grande gargalo da economia cubana
DA ENVIADA A HAVANA
O chanceler brasileiro, Celso
Amorim, frisou em Havana a
"nova fase" por que passa Cuba,
cuja faceta mais conhecida são
as medidas de liberalização de
consumo, como DVDs e computadores. Mas, para os conhecedores, o setor em que, de fato,
Havana demonstrou intenção
de flexibilizar seus dogmas -
não houve sinal de abertura política- foi a agricultura.
Mesmo antes de assumir o
poder formal, em fevereiro deste ano, Raúl Castro já havia tomado medidas na área, como o
pagamento de dívidas do Estado com produtores agropecuários e a melhoria dos preços pagos pelo governo.
Havana também criou postos
de vendas diretas de insumos e
anunciou que vai redistribuir
terras antes usadas para cana a
produtores privados. Esses
produtores são uma classe ascendente em Cuba, porque,
com 20% das terras, produzem
mais da metade da comida consumida no país. Os alimentos
são o principal gasto na pauta
de importação da ilha num contexto de alta mundial de preços.
Os agromercados urbanos
são a outra ponta da prosperidade relativa dos pequenos
produtores. Criados em 1994,
na crise pós-fim da URSS, neles
os excedentes dos contratos
com o Estado são vendidos a
preços não regulados.
Analistas e os próprios produtores disseram à Folha no
mês passado que têm dinheiro
em caixa, mas muitas vozes são
céticas sobre a virada que eles
podem trazer, depois de anos
de escassez de fertilizantes e
queda da produção. O economista Pedro Monreal, da Universidade de Havana, lembra
que é ingênuo pensar em arrancada econômica num país
invadido pelo marabu -praga
que se alastrou nas terras ociosas com a redução da cana.
(FM)
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