São Paulo, sábado, 31 de julho de 2004

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IRAQUE SOB TUTELA

Secretário de Estado vai a Bagdá e diz que apoio popular ao governo interino aumentará com a reconstrução

Em visita-surpresa, Powell promete acelerar ajuda

DA REDAÇÃO

Em visita-surpresa feita ontem a Bagdá, o secretário de Estado americano, Colin Powell, disse que os EUA irão acelerar a ajuda econômica para a reconstrução do Iraque. Segundo o chefe da diplomacia americana, o apoio interno ao governo interino aumentará se forem ampliados os esforços para a recuperação do país.
"Queremos reconstruir a infra-estrutura. Queremos criar empregos. Queremos mostrar ao povo iraquiano que esse dinheiro está sendo usado em seu benefício, e da maneira mais rápida que conseguimos", afirmou o secretário. "Reconstrução e segurança são dois lados da mesma moeda. Melhorar a economia e restaurar serviços vitais, como água e energia, contribuem para um sentimento de segurança e para um ambiente tranqüilo."
Powell não mencionou números, mas o vice-premiê iraquiano, Barham Saleh, disse que, até dezembro, os Estados Unidos encaminharão US$ 9 bilhões.

Burocracia e disputas
Parlamentares americanos têm feito várias críticas à maneira vagarosa com que as autoridades da reconstrução estão gastando os mais de US$ 18 bilhões em ajuda aprovados no ano passado pelo Congresso. Até hoje, apenas US$ 458 milhões teriam sido efetivamente usados. A lentidão se deve em parte à burocracia do governo americano no processo de contratação de empresas para as obras.
A reconstrução também foi prejudicada por uma disputa entre os departamentos da Defesa e de Estado pelo controle do processo.
Powell perdeu a queda-de-braço com o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, e o Pentágono ficou com a administração da maior parte das verbas -apesar do desgaste provocado pelas dificuldades encontradas no combate à insurgência.
Além do atraso nos investimentos, também começam a aparecer indícios de que parte do pouco que foi gasto pode ter sido mal empregada. Uma auditoria divulgada em Washington na quarta-feira apontou, entre outras coisas, que a extinta Autoridade Provisória da Coalizão não tem registros para justificar os US$ 24,7 milhões usados para fazer a troca da moeda iraquiana e que pagou US$ 200 mil por 15 caminhões que não sabe se foram entregues.
Powell, a mais alta autoridade do governo americano a visitar o Iraque desde a devolução da "soberania" em 28 de junho, aproveitou a viagem para lançar uma advertência ao Irã.
"Consideramos desfavoráveis quaisquer ações que o Irã realize para ganhar influência sobre o Iraque. Esperamos que as autoridades iranianas se dêem conta de que é de seu interesse ter como vizinho um Iraque estável", disse. Os EUA acreditam que o país tenha infiltrado agentes no Iraque e que dê apoio a terroristas. O atual giro do secretário de Estado incluiu passagens por Kuait, Egito e Arábia Saudita e ainda o levará até Bósnia e Polônia.
Em Fallujah (oeste), ponto mais forte da insurgência, combates na madrugada de ontem resultaram na morte de 13 iraquianos. O choque começou com ataque de rebeldes a uma patrulha conjunta de marines e soldados iraquianos com tiros, morteiros e granadas-foguetes. Os militares responderam e tiveram o auxílio de tanques e bombardeio aéreo.

Otan
Em Bruxelas (Bélgica), um funcionário da Otan, falando sob a condição de anonimato, disse que representantes dos países que integram a aliança militar ocidental finalmente chegaram a um acordo sobre o treinamento das forças iraquianas.
De acordo com a fonte, depois de três dias de reuniões, os 26 embaixadores na Otan definiram que uma missão exploratória será enviada ao Iraque no dia 6 de agosto. A França teria retirado suas objeções à presença de tropas da Otan no Iraque.


Com agências internacionais


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