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VENEZUELA
Para o governo, sondagem é "armadilha"; oposição afirma que outras projeções lhe dão vitória no plebiscito
Chávez vence, diz pesquisa de jornal opositor
DA REDAÇÃO
A duas semanas de um plebiscito convocado pela oposição que
pode tirar Hugo Chávez do poder,
duas pesquisas eleitorais divulgadas ontem mostram que o presidente venezuelano sairia vencedor. O governo, porém, vê essas
pesquisas com desconfiança.
Na pesquisa divulgada pelo jornal oposicionista "El Nacional",
45% dos venezuelanos votariam a
favor da permanência de Chávez.
Já os que querem removê-lo somariam 34% do eleitorado.
A pesquisa, realizada pela empresa venezuelana Keller e Associados, mostra, no entanto, que
21% dos eleitores continuam indecisos. Para o analista Alfredo
Keller, responsável pela pesquisa,
o número alto de indecisos faz
com que esse grupo, conhecido
como "ni-ni" (abreviação de "ni
una cosa ni otra") tenha um papel-chave em 15 de agosto.
Em entrevista ao jornal "El Nacional", Keller afirma que os indecisos se inclinam a favor da oposição numa proporção de 3 para 1,
mas, para que sejam conquistados pelos adversários do governo,
precisam identificar "lideranças e
projetos includentes".
A pesquisa mostra que as "missões" -como são conhecidos os
programas sociais de Chávez-
impulsionaram a popularidade
do presidente, hoje em torno de
46%. Em dezembro, o presidente
tinha 36% de aprovação.
A pesquisa foi realizada em 113
centros urbanos do país com mais
de 20 mil entrevistados entre os
dias 14 de junho e 1º de julho. A
margem de erro é de 2,8 pontos
percentuais, para cima ou para
baixo.
Já a pesquisa da North American Opinion Research mostra que
60% votarão a favor de Chávez.
Os que apóiam sua saída somam
35%. Essa pesquisa foi realizada
entre 15 e 25 de julho. Ouviram-se
2.612 pessoas, com uma margem
de erro de 3,8 pontos percentuais.
Apesar dos resultados, o ambiente polarizado e a intensa troca
de acusações dos últimos dias fizeram com que o governo Chávez
considerasse essas pesquisas uma
"armadilha" da oposição.
Segundo um alto assessor de
Chávez, que falou à Folha sob a
condição do anonimato, o governo acredita que, nos próximos
dias, os mesmos institutos divulguem números com uma "virada", criando assim um fato político desfavorável ao governo.
Já a oposição também afirma
que confia em projeções feitas a
partir do número de assinaturas
coletadas desde o final do ano
passado para convocar o plebiscito -nelas, Chávez sai derrotado.
O deputado Timóteo Zambrano disse que a oposição terá ao
menos 4,74 milhões votos no plebiscito. Segundo ele, a meta é elevar esse número em até 30%.
Para revogar o mandato de
Chávez, a oposição precisa de cerca de 3,8 milhões de votos pelo
"sim" no plebiscito e, ao mesmo
tempo, superar o número de votos a favor da permanência (a escolha "não") do presidente. Também é necessária a participação
de 25% do eleitorado, estimado
em quase 14 milhões de pessoas.
Mais denúncias
A Venezuela viveu ontem mais
um dia de troca de acusações pesadas entre governo e oposição.
O ministro do Interior, Lucas
Rincón, acusou radicais da oposição de buscar um "cenário de violência" e de ter roubado 63 kg de
explosivos de uma base naval.
Já a oposição acusa a Justiça
eleitoral de transferir milhares de
títulos eleitorais de sua zona eleitoral sem aviso prévio.
Com agências internacionais
Colaborou Fabiano Maisonnave, da
Redação
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