São Paulo, sábado, 31 de julho de 2004

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VENEZUELA

Para o governo, sondagem é "armadilha"; oposição afirma que outras projeções lhe dão vitória no plebiscito

Chávez vence, diz pesquisa de jornal opositor

DA REDAÇÃO

A duas semanas de um plebiscito convocado pela oposição que pode tirar Hugo Chávez do poder, duas pesquisas eleitorais divulgadas ontem mostram que o presidente venezuelano sairia vencedor. O governo, porém, vê essas pesquisas com desconfiança.
Na pesquisa divulgada pelo jornal oposicionista "El Nacional", 45% dos venezuelanos votariam a favor da permanência de Chávez. Já os que querem removê-lo somariam 34% do eleitorado.
A pesquisa, realizada pela empresa venezuelana Keller e Associados, mostra, no entanto, que 21% dos eleitores continuam indecisos. Para o analista Alfredo Keller, responsável pela pesquisa, o número alto de indecisos faz com que esse grupo, conhecido como "ni-ni" (abreviação de "ni una cosa ni otra") tenha um papel-chave em 15 de agosto.
Em entrevista ao jornal "El Nacional", Keller afirma que os indecisos se inclinam a favor da oposição numa proporção de 3 para 1, mas, para que sejam conquistados pelos adversários do governo, precisam identificar "lideranças e projetos includentes".
A pesquisa mostra que as "missões" -como são conhecidos os programas sociais de Chávez- impulsionaram a popularidade do presidente, hoje em torno de 46%. Em dezembro, o presidente tinha 36% de aprovação.
A pesquisa foi realizada em 113 centros urbanos do país com mais de 20 mil entrevistados entre os dias 14 de junho e 1º de julho. A margem de erro é de 2,8 pontos percentuais, para cima ou para baixo.
Já a pesquisa da North American Opinion Research mostra que 60% votarão a favor de Chávez. Os que apóiam sua saída somam 35%. Essa pesquisa foi realizada entre 15 e 25 de julho. Ouviram-se 2.612 pessoas, com uma margem de erro de 3,8 pontos percentuais.
Apesar dos resultados, o ambiente polarizado e a intensa troca de acusações dos últimos dias fizeram com que o governo Chávez considerasse essas pesquisas uma "armadilha" da oposição.
Segundo um alto assessor de Chávez, que falou à Folha sob a condição do anonimato, o governo acredita que, nos próximos dias, os mesmos institutos divulguem números com uma "virada", criando assim um fato político desfavorável ao governo.
Já a oposição também afirma que confia em projeções feitas a partir do número de assinaturas coletadas desde o final do ano passado para convocar o plebiscito -nelas, Chávez sai derrotado.
O deputado Timóteo Zambrano disse que a oposição terá ao menos 4,74 milhões votos no plebiscito. Segundo ele, a meta é elevar esse número em até 30%.
Para revogar o mandato de Chávez, a oposição precisa de cerca de 3,8 milhões de votos pelo "sim" no plebiscito e, ao mesmo tempo, superar o número de votos a favor da permanência (a escolha "não") do presidente. Também é necessária a participação de 25% do eleitorado, estimado em quase 14 milhões de pessoas.

Mais denúncias
A Venezuela viveu ontem mais um dia de troca de acusações pesadas entre governo e oposição.
O ministro do Interior, Lucas Rincón, acusou radicais da oposição de buscar um "cenário de violência" e de ter roubado 63 kg de explosivos de uma base naval.
Já a oposição acusa a Justiça eleitoral de transferir milhares de títulos eleitorais de sua zona eleitoral sem aviso prévio.


Com agências internacionais

Colaborou Fabiano Maisonnave, da Redação


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