São Paulo, segunda-feira, 31 de julho de 2006

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Exército israelense acelera a criação de "zona de segurança"

MICHEL GAWENDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE HAIFA

O Exército de Israel intensificou ontem sua ação no sul do Líbano, diante do aumento da pressão internacional por cessar-fogo, com o objetivo de criar até a próxima quarta-feira uma "zona de segurança" de 2 km ao longo da fronteira.
Civis de 17 aldeias receberam avisos para deixar o local.
"De hoje [ontem] a quarta-feira, vamos instaurar uma zona de segurança de 2 km de largura, na qual não haverá nenhuma infra-estrutura nem sinal da presença do Hizbollah", disse Gadi Eisenkot, chefe de operações do Estado Maior, antes de o Departamento de Estado dos EUA anunciar um acordo com Israel que suspenderia as "atividades aéreas" no sul do Líbano por 48 horas.
Políticos e militares avaliam que a pressão crescerá, e o Exército não terá o tempo que queria -no mínimo duas semanas-, para atuar no sul do Líbano. A idéia de Israel era repelir o Hizbollah para além do rio Litani, a pelo menos 20 km da fronteira, e o espaço seria vigiado por tropas internacionais.
A pressão interna pelo cessar-fogo ganhou força depois das mortes de civis ontem.
Houve manifestações pelo fim da operação em Tel Aviv e Haifa, com centenas de pessoas. A maior, que reuniu milhares, foi na cidade árabe-israelense de Um el Fahm.

Avanço
Tropas e tanques entraram ontem em mais aldeias no sul do Líbano, na direção da cidade israelense de Metula.
Os soldados saíram de Bint Jibeil, principal centro de comando do Hizbollah, que foi praticamente destruído. Enquanto os combates no local recebiam toda a atenção da mídia devido ao alto número de mortos no lado israelense -nove soldados-, a artilharia e a força aérea de Israel bombardeavam outros locais, em preparação para a entrada de tropas.
Os militares também tentaram despachar ontem tropas perto da cidade de Yammouni, no Vale do Bekaa, mas segundo a agência Reuters os helicópteros de transporte foram impedidos de pousar por tiros disparados por soldados libaneses. Segundo fontes locais, depois da saída dos helicópteros, caças bombardearam a região.
Israel também instalou ontem baterias antimísseis Patriot ao norte de Tel Aviv. Mesmo antes das mortes de ontem em Qana, o Hizbollah já havia ameaçado atacar "além de Haifa" e "além de além de Haifa".
O Hizbollah disparou ontem cerca de 140 Katyushas contra o norte de Israel, recorde desde o início do conflito. Pelo menos oito pessoas ficaram feridas.
A cidade mais atingida foi Kriat Shmone, a 2,5 km da fronteira, com 30 foguetes. Um soldado e um repórter do jornal "Haaretz" foram feridos.
As cidades de Aco, Naharyia, Maalot, Rosh Pina e Tiberíades também foram atingidas.
Segundo o Ministério da Saúde de Israel, 1.733 pessoas receberam tratamento em hospitais do norte do país.


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