São Paulo, terça-feira, 31 de julho de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Em primeira visita a Bush, Brown reafirma aliança, mas põe limites

Premiê britânico quer demonstrar mais autonomia que Blair em relação a EUA

DA REPORTAGEM LOCAL

A primeira visita do primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, ao presidente americano, George W. Bush, teve declarações para reafirmar unidade e cooperação quanto à Guerra do Iraque e pequenos gestos para demonstrar que Brown não será um aliado tão incondicional de Bush como foi seu antecessor, Tony Blair.
"Todo mundo quer saber se o premiê e eu conseguimos achar pontos em comum, se nos demos bem, se tivemos uma conversa significativa, e a resposta é sim, totalmente", disse Bush em Camp David, o refúgio campestre dos presidentes americanos, onde hospedou Brown.
Desde que o britânico tomou posse, no final de junho, há dúvidas nos dois lados do Atlântico de como Brown fará para se mostrar mais independente de Bush a fim de agradar o eleitorado de seu país (onde o americano é muito impopular) e, ao mesmo tempo, manter a relação profunda entre o Reino Unido e os Estados Unidos, "a relação bilateral mais importante do país", segundo o próprio Brown.
"Estamos na mesma luta", disse Brown, após o encontro com Bush em Camp David. "Sabemos que temos de trabalhar juntos, usando todos os meios."
Os dois líderes também disseram que pretendem retomar e fortalecer a paralisada discussão comercial da Rodada Doha, trabalhar juntos em um plano de paz para o Oriente Médio e conseguir uma solução para a crise em Darfur, no Sudão.
Estrategicamente, essa pauta variada serviu para que os dois falassem o menos possível sobre o caos no Iraque.
O premiê destacou sua intenção de começar a retirar, no fim do ano, os 5.500 soldados britânicos que ainda estão no Iraque -a maioria na região de Basra, no sul do país.
Disse que comunicará primeiro ao Parlamento, o que só deve acontecer após o fim do recesso deste, em outubro. Até lá, o comandante americano no Iraque, general David Petraeus, terá apresentado seu relatório sobre os progressos no Iraque, o que facilitará a desculpa para o início da retirada britânica.
No roteiro de amabilidades, Bush não criticou a decisão do aliado: "Não tenho dúvidas de que Gordon Brown entende que um fracasso no Iraque seria um desastre para a segurança de nossos próprios países".

Ambigüidades
Brown já criou algumas ambigüidades que não existiam na relação de confiança profunda e até intimidade que havia entre Bush e Blair.
Os assessores de Brown pediram que houvesse poucas fotos arranjadas entre os dois líderes - algo que Blair e Bush adoravam fazer para demonstrar seu companheirismo e intimidade. Com terno e gravata, Brown quis dar aos encontros o ar de trabalho, não de prazer, e falar mais sobre comércio internacional e a crise em Darfur, no Sudão, do que passear com Bush pelos jardins de Camp David. O britânico também nomeou um crítico duro das políticas de Bush, lorde Malloch-Brown, ex-subsecretário-geral da ONU, como secretário para África, Ásia e instituições globais na chancelaria britânica.
Brown quis mostrar que sua relação com os EUA vai além do atual presidente, que só fica até dezembro de 2008 no cargo. Após almoçar hambúrguer com Bush, ele foi ao Capitólio e se encontrou com lideranças da oposição democrata na Câmara e no Senado.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Casa Branca confirma pacote de US$ 63 bi em armas para aliados árabes e Israel
Próximo Texto: Análise: Britânico mira em Washington depois de Bush
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.