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Campanha palestina pressiona Israel
Às vésperas de negociações diretas, lideranças palestinas miram público israelense com anúncios milionários
Divergências políticas e ceticismo embaçam perspectiva de encontro amanhã nos EUA, após
2 anos de paralisação
Ariel Schalit/Associated Press
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O israelense Binyamin Netanyahu, em reunião de seu partido, ontem, emTel Aviv
MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM
Num esforço inédito para
superar a desconfiança dos
israelenses, políticos palestinos decidiram aderir a uma
campanha milionária na mídia, em que se dirigem a eles
de forma direta com a pergunta: "Nós somos parceiros. E vocês?".
A poucos dias da abertura
de mais uma rodada de negociações do processo de paz
que se arrasta há duas décadas, a pergunta toca num dos
elementos cruciais para que
ele seja bem sucedido: o
apoio da opinião pública,
principalmente a israelense.
Financiada pelo governo
americano e orquestrada pela Iniciativa de Genebra, grupo formado por israelenses e
palestinos que defendem um
acordo de paz, a campanha
ocupa outdoors e veículos de
imprensa em Israel.
Alguns dos dirigentes palestinos falam em hebraico,
como Jibril Rajoub, que
aprendeu o idioma nos 17
anos em que passou em prisões israelenses por participação na luta armada.
"Temos uma oportunidade histórica de chegar a um
acordo de paz", diz Rajoub,
que já foi chefe da segurança
palestina e hoje preside o comitê olímpico e a federação
de futebol palestinos.
"A liderança palestina está
comprometida com a solução de dois Estados, e há consenso no mundo árabe em reconhecer Israel com o fim da
ocupação".
O ceticismo entre os analistas cerca a nova etapa do
processo de paz, que terá início amanhã com um jantar
na Casa Branca em que o presidente Barack Obama receberá o premiê israelense,
Binyamin Netanyahu, e o
presidente palestino, Mahmoud Abbas.
Será o retorno das negociações diretas após quase
dois anos de paralisação.
As pesquisas de opinião
mostram que o pessimismo
não se limita aos especialistas. Segundo o mais recente
"índice da paz", sondagem
periódica realizada pela Universidade Tel Aviv, embora
71,5% dos israelenses sejam
a favor de negociações com
os palestinos, apenas 32,3%
acreditam no seu sucesso.
Para o cientista político
Avraham Diskin, da Universidade de Jerusalém, o apelo
dos dirigentes palestinos não
será suficiente para quebrar
a desconfiança israelense.
"Primeiro, existe um cansaço histórico, após tantas
negociações fracassadas.
Além disso, os dirigentes palestinos não convencem de
que há do outro lado um parceiro disposto a reconhecer
Israel como o Estado judeu."
O principal motivo do ceticismo é a distância entre as partes, sobretudo em relação às
colônias judaicas nos territórios palestinos.
Enquanto Israel indica
que continuará as construções após o fim da moratória
de dez meses, em 26 de setembro, os palestinos advertem que isso os levará a
abandonar as negociações.
Segundo pesquisa com
3.000 palestinos, 65%
apoiam as negociações, mas
sob a condição de que as
construções continuem congeladas e que haja garantias
para um Estado palestino.
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