São Paulo, quarta-feira, 31 de agosto de 2011

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Chile prende policial que alvejou estudante

Garoto de 16 anos foi morto com um tiro enquanto participava de protesto pela reforma do sistema educacional

Governo havia negado responsabilidade da polícia; comprovação do disparo eleva atrito com os manifestantes


DE BUENOS AIRES

A polícia do Chile anunciou ontem que foi preso, sob a acusação de homicídio, o policial que disparou contra estudantes em um protesto na semana passada, na cidade de Macul, causando a morte de um jovem de 16 anos.
A corporação expulsou três outros policiais que participaram da ação, segundo investigação que apurou o caso. O episódio acentuou ainda mais a crise no governo do centro-direitista Sebastián Piñera, pressionado desde maio passado pelas crescentes manifestações estudantis pela reforma da educação.
Os estudantes têm simpatia popular e a adesão de setores sociais descontentes, que agregaram aos protestos outras demandas. Os estudantes querem responsabilizar politicamente o governo -que de início negou o disparo pela polícia-pela morte Manuel Gutiérrez, com um tiro no peito. Foi a primeira morte desde o início dos protestos no Chile.
O alvo é o ministro do Interior, Rodrigo Hinzpeter, responsável pelo comando da polícia. "A renúncia dele passou a ser uma de nossas demandas, é inadmissível o governo não se mexer", disse à Folha Cristóbal Lagos, uma das lideranças estudantis. Estava prevista para ontem uma reunião entre estudantes e o presidente Piñera, que convocou os jovens ao "diálogo" para tentar um acordo como saída para a crise.
Mas, diante da nova fricção por causa da participação direta da polícia no assassinato, a reunião foi adiada, em princípio para sábado.
Mobilizados há três meses, os estudantes chilenos -universitários e secundaristas- querem uma ampla reforma para melhorar a educação do país, tornando o ensino público gratuito e com o fim do lucro no sistema educacional como forma de acabar com um cenário que deixou mais da metade dos alunos endividados.
A Concertación, coalizão de centro-esquerda que governou o Chile entre 1990 e 2010, hoje na oposição, pediu a formação de um novo pacto político no país, que passaria pela realização de reformas constitucional e fiscal.
Segundo Carolina Tohá, ex-integrante do governo de Michelle Bachelet, antecessora de Piñera, só uma reforma do sistema político evitará o que ela chamou de "descomposição social" do Chile.
(LUCAS FERRAZ)


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