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Explosões em série matam pelo menos 61 na Índia
Estado atingido, Assam, tem separatistas, militância islâmica e violência étnica
Governo local diz suspeitar de frente separatista, que nega relação com ataques,
enquanto mídia indiana cita militantes de Bangladesh
DA REDAÇÃO
Uma série de 13 explosões
quase simultâneas deixou ontem ao menos 61 mortos e mais
de 300 feridos em três cidades
no Estado de Assam, no noroeste da Índia. Os ataques
aconteceram no horário do almoço, quando os mercados
atingidos ficam cheios. Foi o
mais letal ato terrorista da história da região, que contabilizou mais de 10 mil mortes decorrentes de violência separatista na década passada.
Afetado por movimentos secessionistas, violência étnica e
militância islâmica, Assam é
um dos Estados indianos "ilhados" entre Butão, China, Bangladesh e Mianmar.
A 1.600 km de distância de
Nova Déli, seu único contato
territorial com o resto da Índia
é por um estreito corredor de
terra. Grande parte da população local é etnicamente mais
próxima dos birmaneses e chineses que dos demais indianos
e costuma acusar o governo de
explorar os recursos naturais
da região sem contrapartidas.
Além das controvérsias políticas, recentemente Assam foi
palco de choques motivados
por intolerância religiosa. No
início do mês, conflitos entre
muçulmanos e membros da tribo Bodo, a mais popular do Estado, deixaram 53 mortos e 150
mil desabrigados. Só cessaram
após Nova Déli mandar tropas.
Foi o reflexo de um sentimento contra a chegada de imigrantes muçulmanos de Bangladesh, cuja fronteira com Assam é pouco controlada. Para
especialistas ouvidos pelo jornal britânico "Guardian", a região tem hoje dois milhões de
estrangeiros ilegais.
Nesse contexto, e como não
houve nenhuma organização
assumindo a responsabilidade
pelos ataques de ontem, as autoridades indianas revelaram
ter mais de uma suspeita.
"A agulha da suspeita está na
Ulfa [sigla em inglês para a
Frente Unida de Liberação de
Assam]", afirmou Himanta Biswa Sharma, porta-voz do governo do Estado.
Contudo, a Ulfa nunca promoveu ataques do tamanho e
da complexidade das explosões
de ontem -um dos artefatos tinha traços da nitroamina RDX,
principal componente de muitos explosivos ligados em plástico e substância de uso exclusivo do Exército na Índia.
Os ataques seqüenciais em
Assam remetem a outras explosões em série que atingiram
três cidades indianas neste ano,
vitimando mais de 120 pessoas
-ações reivindicadas pelo grupo de militância islâmica até
então desconhecido "Mujahideen Indianos".
O governo do Estado disse
desconfiar de ajuda de outros
grupos terroristas -na Índia
ou no exterior- à Ulfa, que nega relação com as explosões. O
porta-voz do grupo, Anjan Borehaur, escreveu a jornalistas
alegando que a Ulfa não teve
participação nos ataques.
Meios de comunicação indianos invocaram outra sigla como suspeita de coordenar a
ação de ontem, o "HuJI-B",
Movimento do Jihad Islâmico
de Bangladesh. O grupo foi
apontado como suspeito pelos
jornais "Times of India" e "The
Hindu", bem como pela agência de notícias Press Trust of
India, que abastece jornais de
todo o país. O "Hindustan Times" não citou especificamente a sigla, mas mencionou "jihadistas de Bangladesh combinados com grupos locais".
Com agências internacionais
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