São Paulo, sexta-feira, 31 de outubro de 2008

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Explosões em série matam pelo menos 61 na Índia

Estado atingido, Assam, tem separatistas, militância islâmica e violência étnica

Governo local diz suspeitar de frente separatista, que nega relação com ataques, enquanto mídia indiana cita militantes de Bangladesh

DA REDAÇÃO

Uma série de 13 explosões quase simultâneas deixou ontem ao menos 61 mortos e mais de 300 feridos em três cidades no Estado de Assam, no noroeste da Índia. Os ataques aconteceram no horário do almoço, quando os mercados atingidos ficam cheios. Foi o mais letal ato terrorista da história da região, que contabilizou mais de 10 mil mortes decorrentes de violência separatista na década passada.
Afetado por movimentos secessionistas, violência étnica e militância islâmica, Assam é um dos Estados indianos "ilhados" entre Butão, China, Bangladesh e Mianmar.
A 1.600 km de distância de Nova Déli, seu único contato territorial com o resto da Índia é por um estreito corredor de terra. Grande parte da população local é etnicamente mais próxima dos birmaneses e chineses que dos demais indianos e costuma acusar o governo de explorar os recursos naturais da região sem contrapartidas.
Além das controvérsias políticas, recentemente Assam foi palco de choques motivados por intolerância religiosa. No início do mês, conflitos entre muçulmanos e membros da tribo Bodo, a mais popular do Estado, deixaram 53 mortos e 150 mil desabrigados. Só cessaram após Nova Déli mandar tropas.
Foi o reflexo de um sentimento contra a chegada de imigrantes muçulmanos de Bangladesh, cuja fronteira com Assam é pouco controlada. Para especialistas ouvidos pelo jornal britânico "Guardian", a região tem hoje dois milhões de estrangeiros ilegais.
Nesse contexto, e como não houve nenhuma organização assumindo a responsabilidade pelos ataques de ontem, as autoridades indianas revelaram ter mais de uma suspeita.
"A agulha da suspeita está na Ulfa [sigla em inglês para a Frente Unida de Liberação de Assam]", afirmou Himanta Biswa Sharma, porta-voz do governo do Estado.
Contudo, a Ulfa nunca promoveu ataques do tamanho e da complexidade das explosões de ontem -um dos artefatos tinha traços da nitroamina RDX, principal componente de muitos explosivos ligados em plástico e substância de uso exclusivo do Exército na Índia.
Os ataques seqüenciais em Assam remetem a outras explosões em série que atingiram três cidades indianas neste ano, vitimando mais de 120 pessoas -ações reivindicadas pelo grupo de militância islâmica até então desconhecido "Mujahideen Indianos".
O governo do Estado disse desconfiar de ajuda de outros grupos terroristas -na Índia ou no exterior- à Ulfa, que nega relação com as explosões. O porta-voz do grupo, Anjan Borehaur, escreveu a jornalistas alegando que a Ulfa não teve participação nos ataques.
Meios de comunicação indianos invocaram outra sigla como suspeita de coordenar a ação de ontem, o "HuJI-B", Movimento do Jihad Islâmico de Bangladesh. O grupo foi apontado como suspeito pelos jornais "Times of India" e "The Hindu", bem como pela agência de notícias Press Trust of India, que abastece jornais de todo o país. O "Hindustan Times" não citou especificamente a sigla, mas mencionou "jihadistas de Bangladesh combinados com grupos locais".

Com agências internacionais


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