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Carro-bomba fere 28 em universidade espanhola
Polícia foi alertada uma hora antes por homem que se identificou como membro do ETA
Explosão, perto da sede administrativa do campus em Pamplona, destruiu vários carros; não há brasileiros entre as vítimas
MARINA MESEGUER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Um carro-bomba explodiu
no estacionamento da Universidade de Navarra (Espanha),
causando ferimentos leves em
28 pessoas e numerosos danos
materiais, entre os quais a destruição de sete carros, completamente calcinados, danos a
outros 20 veículos, vidros quebrados e outros estragos diversos. O atentado, acontecido às
11h (8h, horário de Brasília) foi
supostamente perpetrado pelo
grupo terrorista ETA na cidade
de Pamplona.
Uma hora antes da explosão,
às 9h50min, o serviço rodoviário regional recebeu um telefonema anônimo de um homem
que alertava, em nome do grupo terrorista, para a presença
de um Peugeot 306 branco carregado de explosivos no "campus da universidade", com detonação marcada para dentro
de uma hora.
O telefonema, porém, não especificava em qual dos campus
da universidade se encontrava
o carro-bomba. A polícia iniciou suas buscas pela Universidade de Vitória; ao não encontrar um carro que atendesse à
descrição, as buscas foram suspensas.
Não houve retirada dos edifícios na Universidade de Pamplona, o local onde a explosão
por fim veio a acontecer. Por
sorte, a hora do almoço evitou
uma tragédia maior, já que o
veículo, que se acredita pudesse estar carregado com entre 80
e 100 quilos de explosivos, estava estacionado diante do edifício central da universidade, que
abriga sua sede administrativa,
bem perto da biblioteca e da
Faculdade de Comunicação.
"Era hora de entrar na classe
e de repente ouvimos um ruído
fortíssimo e sentimos um tremor; ao sair da faculdade, vimos chamas, fumaça negra e
ambulâncias, e logo um policial
chegou correndo e nos alertou
que nos protegêssemos do outro lado do edifício, porque havia mais ameaças de bombas.
Ficamos muito nervosos, e havia muita gente chorando", disse à Folha Natalia Elosegui, estudante de publicidade e de relações públicas.
"Conheço uma das pessoas
feridas, uma garota que mora
em meu alojamento", conta
Natalia. "Ela estava estudando
na biblioteca e creio que sofreu
cortes nas costas por causa dos
vidros quebrados, mas já saiu
do hospital. A maioria dos feridos são funcionários que trabalham no edifício central."
No final da tarde, apenas 10
pessoas continuavam hospitalizadas. Não há brasileiros entre os feridos.
Alfredo Pérez-Rubalcaba, o
ministro do Interior espanhol,
afirmou que aqueles que alertaram sobre a presença da
bomba ou "se enganaram" ou
não explicaram onde o carro-bomba estava localizado "intencionalmente".
A explosão do carro-bomba,
a quarta nos últimos 40 dias,
aconteceu apenas 48 horas depois da detenção de três supostos membros do ETA em Pamplona e mais um em Valência.
Mas o ministro preferiu não fazer especulações.
"Vamos continuar fazendo
nosso papel. Quem quer que tenha explodido esse carro-bomba terminará diante de um juiz
e na prisão", disse.
Não se trata do primeiro
atentado do ETA contra a Universidade de Navarra. O mais
recente eleva o total a seis, o
primeiro dos quais em 1979,
contra a Editorial Universitária da Opus Dei, que operava
dentro de suas instalações.
A Universidade de Navarra é
a mais antiga universidade privada espanhola e foi fundada
em 1952 por Jose Maria Escribá de Balaguer, criador da
Opus Dei, entidade ligada à
Igreja Católica.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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