São Paulo, sexta-feira, 31 de outubro de 2008

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Carro-bomba fere 28 em universidade espanhola

Polícia foi alertada uma hora antes por homem que se identificou como membro do ETA

Explosão, perto da sede administrativa do campus em Pamplona, destruiu vários carros; não há brasileiros entre as vítimas

MARINA MESEGUER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Um carro-bomba explodiu no estacionamento da Universidade de Navarra (Espanha), causando ferimentos leves em 28 pessoas e numerosos danos materiais, entre os quais a destruição de sete carros, completamente calcinados, danos a outros 20 veículos, vidros quebrados e outros estragos diversos. O atentado, acontecido às 11h (8h, horário de Brasília) foi supostamente perpetrado pelo grupo terrorista ETA na cidade de Pamplona.
Uma hora antes da explosão, às 9h50min, o serviço rodoviário regional recebeu um telefonema anônimo de um homem que alertava, em nome do grupo terrorista, para a presença de um Peugeot 306 branco carregado de explosivos no "campus da universidade", com detonação marcada para dentro de uma hora. O telefonema, porém, não especificava em qual dos campus da universidade se encontrava o carro-bomba. A polícia iniciou suas buscas pela Universidade de Vitória; ao não encontrar um carro que atendesse à descrição, as buscas foram suspensas. Não houve retirada dos edifícios na Universidade de Pamplona, o local onde a explosão por fim veio a acontecer. Por sorte, a hora do almoço evitou uma tragédia maior, já que o veículo, que se acredita pudesse estar carregado com entre 80 e 100 quilos de explosivos, estava estacionado diante do edifício central da universidade, que abriga sua sede administrativa, bem perto da biblioteca e da Faculdade de Comunicação.
"Era hora de entrar na classe e de repente ouvimos um ruído fortíssimo e sentimos um tremor; ao sair da faculdade, vimos chamas, fumaça negra e ambulâncias, e logo um policial chegou correndo e nos alertou que nos protegêssemos do outro lado do edifício, porque havia mais ameaças de bombas. Ficamos muito nervosos, e havia muita gente chorando", disse à Folha Natalia Elosegui, estudante de publicidade e de relações públicas.
"Conheço uma das pessoas feridas, uma garota que mora em meu alojamento", conta Natalia. "Ela estava estudando na biblioteca e creio que sofreu cortes nas costas por causa dos vidros quebrados, mas já saiu do hospital. A maioria dos feridos são funcionários que trabalham no edifício central." No final da tarde, apenas 10 pessoas continuavam hospitalizadas. Não há brasileiros entre os feridos. Alfredo Pérez-Rubalcaba, o ministro do Interior espanhol, afirmou que aqueles que alertaram sobre a presença da bomba ou "se enganaram" ou não explicaram onde o carro-bomba estava localizado "intencionalmente".
A explosão do carro-bomba, a quarta nos últimos 40 dias, aconteceu apenas 48 horas depois da detenção de três supostos membros do ETA em Pamplona e mais um em Valência. Mas o ministro preferiu não fazer especulações. "Vamos continuar fazendo nosso papel. Quem quer que tenha explodido esse carro-bomba terminará diante de um juiz e na prisão", disse. Não se trata do primeiro atentado do ETA contra a Universidade de Navarra. O mais recente eleva o total a seis, o primeiro dos quais em 1979, contra a Editorial Universitária da Opus Dei, que operava dentro de suas instalações.
A Universidade de Navarra é a mais antiga universidade privada espanhola e foi fundada em 1952 por Jose Maria Escribá de Balaguer, criador da Opus Dei, entidade ligada à Igreja Católica.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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