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Rebelde congolês reclama de acordo que permite à China explorar riquezas
Laurent Nkunda diz que quer negociar com o governo do Congo; milhares deixaram suas casas
DA REDAÇÃO
O comandante rebelde tutsi
Laurent Nkunda disse ontem
que quer negociar com o governo congolês e reclamou de um
acordo bilionário que permite
que a China tenha acesso às riquezas minerais do Congo em
troca da construção de uma estrada e de uma ferrovia.
A demanda por minerais está
na origem de conflitos no Congo há anos. Segundo analistas, a
situação quase não mudou desde 2001, quando uma investigação das Nações Unidas sobre
exploração ilegal de recursos
naturais no país descobriu que,
na base do conflito, está a disputa pelo controle de cinco recursos: coltan (columbita-tantalita), diamante, cobre, cobalto e ouro.
Enviados dos EUA e da ONU
pretendem ajudar nas negociações entre o rebelde congolês e
o governo do presidente Joseph Kabila.
Desde quarta-feira, Nkunda
mantém tropas na entrada de
Goma, capital da Província de
Kivu do Norte, na fronteira
com a Ruanda. Ele diz que luta
para proteger a minoria étnica
tutsi, que, segundo ele, é ameaçada por hutus.
As duas etnias se enfrentam
na região desde 1994, quando
cerca de 800 mil de hutus fugiram para o Congo, após radicais
massacrarem tutsis e hutus
moderados em Ruanda.
Ontem foi o primeiro dia desde a semana passada sem combates nas proximidades de Goma entre as forças governamentais e os rebeldes tutsis liderados por Nkunda -que declarou um cessar-fogo unilateral anteontem. Milhares de
congoleses da região já tiveram
de deixar suas casas.
Goma está sob a guarda de
forças de paz da ONU, que não
têm conseguido garantir a segurança dos civis. Soldados do
governo têm deixado a cidade.
A rádio Okapi, patrocinada
pela ONU, informou que, durante a noite, soldados em fuga
saquearam Goma, estupraram
e mataram ao menos nove pessoas. Nkunda criticou o fato de
as forças da ONU não terem
impedido a violência contra os
congoleses em Goma e ameaçou invadir a cidade caso "não
haja cessar-fogo, segurança ou
avanço no processo de paz".
Os países europeus parecem
estar divididos quanto a mandar ou não tropas para o Congo.
Uma reunião do comitê de segurança da União Européia está marcada para hoje, afirmou
Bernard Kouchner, ministro
das Relações Exteriores da
França -país que ocupa a presidência do bloco.
Com agências internacionais
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