São Paulo, sexta-feira, 31 de outubro de 2008

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Rebelde congolês reclama de acordo que permite à China explorar riquezas

Laurent Nkunda diz que quer negociar com o governo do Congo; milhares deixaram suas casas

DA REDAÇÃO

O comandante rebelde tutsi Laurent Nkunda disse ontem que quer negociar com o governo congolês e reclamou de um acordo bilionário que permite que a China tenha acesso às riquezas minerais do Congo em troca da construção de uma estrada e de uma ferrovia.
A demanda por minerais está na origem de conflitos no Congo há anos. Segundo analistas, a situação quase não mudou desde 2001, quando uma investigação das Nações Unidas sobre exploração ilegal de recursos naturais no país descobriu que, na base do conflito, está a disputa pelo controle de cinco recursos: coltan (columbita-tantalita), diamante, cobre, cobalto e ouro.
Enviados dos EUA e da ONU pretendem ajudar nas negociações entre o rebelde congolês e o governo do presidente Joseph Kabila.
Desde quarta-feira, Nkunda mantém tropas na entrada de Goma, capital da Província de Kivu do Norte, na fronteira com a Ruanda. Ele diz que luta para proteger a minoria étnica tutsi, que, segundo ele, é ameaçada por hutus.
As duas etnias se enfrentam na região desde 1994, quando cerca de 800 mil de hutus fugiram para o Congo, após radicais massacrarem tutsis e hutus moderados em Ruanda.
Ontem foi o primeiro dia desde a semana passada sem combates nas proximidades de Goma entre as forças governamentais e os rebeldes tutsis liderados por Nkunda -que declarou um cessar-fogo unilateral anteontem. Milhares de congoleses da região já tiveram de deixar suas casas.
Goma está sob a guarda de forças de paz da ONU, que não têm conseguido garantir a segurança dos civis. Soldados do governo têm deixado a cidade.
A rádio Okapi, patrocinada pela ONU, informou que, durante a noite, soldados em fuga saquearam Goma, estupraram e mataram ao menos nove pessoas. Nkunda criticou o fato de as forças da ONU não terem impedido a violência contra os congoleses em Goma e ameaçou invadir a cidade caso "não haja cessar-fogo, segurança ou avanço no processo de paz".
Os países europeus parecem estar divididos quanto a mandar ou não tropas para o Congo. Uma reunião do comitê de segurança da União Européia está marcada para hoje, afirmou Bernard Kouchner, ministro das Relações Exteriores da França -país que ocupa a presidência do bloco.

Com agências internacionais


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