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Lei de minério opõe regiões no Peru e provoca protestos
Manifestantes de Tacna, no sul, queimaram prédio e protestaram até no Chile contra projeto que muda distribuição de royalties
Governo chileno ordenou fechamento temporário da fronteira; outras 4 regiões protestam para cobrar mais recursos do governo García
DA REDAÇÃO
Manifestantes do departamento de Tacna, no sul do Peru, incendiaram parte da sede
do governo local e chegaram a
cruzar a divisa com o Chile para
protestar contra a aprovação
pelo Congresso ontem de uma
lei que muda a distribuição regional de royalties de minérios.
O governo chileno ordenou o
fechamento da fronteira, e a
polícia do país prendeu ao menos cinco peruanos. Três policiais de Tacna ficaram feridos.
Foi o terceiro dia de protestos no sul do Peru por conta da
nova lei de royalties da mineração - a atividade é responsável
por 50% das exportações do
país- que muda a maneira de
calcular os impostos sobre a exploração e também os repasses
dos recursos às regiões.
A mudança, apoiada por governistas e parte da oposição,
opõe os departamentos de Tacna e Moquegua, porque a nova
lei retirará recursos do primeiro para repassá-los ao segundo.
Em ambos, a exploração de minérios é feita pela Southern
Coopper. Uma das maiores mineradoras do mundo, a empresa, de capital mexicano, pagará
impostos proporcionais à produção em cada departamento
caso a lei seja aprovada. Hoje
80% fica dos royalties fica com
os tacnenhos.
Por isso, os protestos que agitavam Moquegua até a noite de
anteontem exigindo a aprovação da lei pelo Congresso -os
conflitos deixaram ao menos 71
feridos na terça-feira- agora se
transferiram para Tacna.
Onda de protestos
Os problemas no sul, porém,
não são isolados. O Peru registrou nas últimas semanas protestos em 5 dos 25 departamentos. Os manifestantes têm
uma pauta de reivindicações
ampla e localizada, mas a maioria cobra de Lima mais recursos e obras usando como argumento a bonança econômica
dos últimos anos -o PIB avançou 8% em média, mas índices
de pobreza mal se moveram.
A agitação agrava os problemas do governo do presidente
neoconservador Alan García,
cuja aprovação nacional não
passa de 20% e chega a níveis
muitíssimo mais baixos fora da
região metropolitana da capital. No sul, a desaprovação chegou a 96% no mês passado.
Os principais protestos nesta
semana aconteceram em Cusco (centro-sul), que se opõe a
concessões mineiras e também
quer mais recursos, e em Cajamarca (noroeste), que exige asfaltamento de rodovias, por
exemplo. Nos dois locais, ao
menos parte do movimento já
aceita negociar com o governo.
Além disso, em um protesto
distinto contra a polícia em
Nueva Cajamarca, no norte,
uma delegacia foi queimada e
nove pessoas, feridas.
A tensão é um batismo de fogo para o recém-empossado
primeiro-ministro, Yehude Simon, que chegou ao governo
dia 10 em meio a outra crise, a
do escândalo de corrupção na
licitação de lotes petroleiros.
A nomeação de Simon, esquerdista independente, provocou controvérsia já que ele
esteve preso por oito anos sob a
acusação de terrorismo. Ontem, o premiê afirmou que os
manifestantes de Tacna "sentirão o peso da lei". E anunciou a
criação de um birô de crises.
O governo também se queixa
do uso político dos protestos,
que nas regiões unem sindicatos nacionais e políticos regionais e ligados ao partido do ultranacionalista Ollanta Humala, que perdeu a eleição presidencial para Garcia em 2006.
A maior preocupação do governo é que a onda de protestos
ofusque a Cúpula de Líderes do
Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), entre 7 e 11 de novembro.
Com agências internacionais
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