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Brasil privilegia estabilidade
O presidente Fernando Henrique Cardoso discursa em visita ao Chile
da Reportagem Local
A eleição presidencial no Brasil,
cujo primeiro turno ocorrerá em 4
de outubro de 98, será dominada
por duas questões fundamentais.
Ao mesmo tempo que a população
se mostrará favorável à continui
dade da estabilidade econômica,
deixará claro que está preocupada
e quer melhorias na área social.
É o que pensa o cientista político
José Augusto Guilhon de Albu
querque, do Núcleo de Pesquisa
em Relações Internacionais da
Universidade de São Paulo.
"Se o governo não mostrar, de
maneira clara, que é solidário com
a população, poderá dar impulso à
oposição", afirmou o professor à
Folha. "Agora, não há nada que a
população tema mais do que a ins
tabilidade econômica."
A estabilidade econômica brasi
leira, conquistada em 94 com o
Plano Real, deverá ser, novamen
te, a bandeira do presidente Fer
nando Henrique Cardoso (Partido
Social Democrata Brasileiro), du
rante sua campanha à reeleição.
FHC foi eleito em 94 após ter im
plementado o Plano Real como
ministro da Fazenda no governo
Itamar Franco (1992-95).
Embora a inflação continue bai
xa -a estimativa para 97 é de ape
nas 4,5%-, FHC terá de enfren
tar, em 98, um ano difícil para a
economia, agravado pela crise do
mercado financeiro internacional
originada na Ásia. As perspectivas
são de baixo crescimento econô
mico e desemprego elevado.
O agravamento da crise social
poderá dificultar a reeleição de
FHC, que continua, no entanto,
favorito. De acordo com pesquisa
Datafolha realizada entre 15 e 17 de
dezembro, ele teria entre 34% e
37% dos votos no primeiro turno.
O segundo colocado seria Luiz
Inácio Lula da Silva, do Partido
dos Trabalhadores, que possui en
tre 22% e 23% das intenções de vo
to. Mas Lula tem a desvantagem de
já ter perdido duas eleições presi
denciais, a última delas para FHC.
Mas, tanto o professor Guilhon
quanto o argentino Félix Peña, es
pecialista em Mercosul, acham
que, independente do resultado
eleitoral, a política econômica não
sofrerá mudanças de rumo.
"Hoje, as idéias de mercado, de
estabilidade fiscal e de políticas
macroeconômicas sólidas não são
de esquerda ou direita", diz Peña.
"O desafio será conciliar a trans
formação do setor produtivo e a
estabilidade com as necessidades
de coesão e solidariedade social da
população", afirma. "Os países
que conseguirem isso se destaca
rão nos próximos anos."
(OD)
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