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Para EUA, tragédia motiva diálogo inédito com o regime islâmico
DA REDAÇÃO
Os Estados Unidos estão abertos a retomar o diálogo com o Irã,
após gestos "encorajadores" da
República islâmica nos últimos
meses, disse em entrevista ao
"Washington Post" de ontem o
secretário de Estado norte-americano, Colin Powell.
Ele se referiu à aceitação, pelo
Irã, de inspeções de suas instalações nucleares, à retomada do
diálogo com países árabes moderados (Egito e Jordânia) e também ao fato de o Irã ter aceitado a
ajuda humanitária oferecida pelos EUA à região atingida pelo terremoto da última sexta-feira.
O presidente iraniano, Mohammad Khatami, respondeu ontem
não acreditar na perspectiva de
normalização, "a não ser que os
EUA mudem o comportamento"
com relação a seu país.
Disse ainda que uma reaproximação pressuporia a derrubada,
mesmo simbólica, de parte do
muro de desconfiança que ambos
construíram.
Khatami, que lidera no Irã o
grupo moderado e reformista, em
oposição à hierarquia xiita que
adota posições mais radicais, procurou minimizar a ajuda norte-americana às vítimas.
"Nesses casos é normal que cheguem socorros de governos que
colocam entre parênteses suas diferenças", afirmou.
Mesmo assim, Khatami disse
que agradecia "àqueles que nos
ajudaram, apesar de nossas diferenças", numa referência clara
aos norte-americanos. E foi mais
explícito ao afirmar que a ajuda
após o terremoto prova que os
povos iraniano e norte-americano "não são inimigos".
O presidente George W. Bush
situou o Irã no "eixo do mal" por
dispor de armas proibidas e por
seu suposto apoio ao terrorismo.
Para os radicais islâmicos iranianos os EUA são "o grande satã".
Os dois países estão rompidos
desde 1981.
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