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São Paulo, quarta-feira, 31 de dezembro de 2003

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Para EUA, tragédia motiva diálogo inédito com o regime islâmico

DA REDAÇÃO

Os Estados Unidos estão abertos a retomar o diálogo com o Irã, após gestos "encorajadores" da República islâmica nos últimos meses, disse em entrevista ao "Washington Post" de ontem o secretário de Estado norte-americano, Colin Powell.
Ele se referiu à aceitação, pelo Irã, de inspeções de suas instalações nucleares, à retomada do diálogo com países árabes moderados (Egito e Jordânia) e também ao fato de o Irã ter aceitado a ajuda humanitária oferecida pelos EUA à região atingida pelo terremoto da última sexta-feira.
O presidente iraniano, Mohammad Khatami, respondeu ontem não acreditar na perspectiva de normalização, "a não ser que os EUA mudem o comportamento" com relação a seu país.
Disse ainda que uma reaproximação pressuporia a derrubada, mesmo simbólica, de parte do muro de desconfiança que ambos construíram.
Khatami, que lidera no Irã o grupo moderado e reformista, em oposição à hierarquia xiita que adota posições mais radicais, procurou minimizar a ajuda norte-americana às vítimas.
"Nesses casos é normal que cheguem socorros de governos que colocam entre parênteses suas diferenças", afirmou.
Mesmo assim, Khatami disse que agradecia "àqueles que nos ajudaram, apesar de nossas diferenças", numa referência clara aos norte-americanos. E foi mais explícito ao afirmar que a ajuda após o terremoto prova que os povos iraniano e norte-americano "não são inimigos".
O presidente George W. Bush situou o Irã no "eixo do mal" por dispor de armas proibidas e por seu suposto apoio ao terrorismo. Para os radicais islâmicos iranianos os EUA são "o grande satã".
Os dois países estão rompidos desde 1981.


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