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TERREMOTO
Funcionário do governo menciona 50 mil, cifra desmentida pelo presidente Khatami; ONU tem certeza de 28 mil
Irã perde a conta do número de mortos
DA REDAÇÃO
Continuavam ontem imprecisas as estimativas sobre o número
de mortos no terremoto que na
última sexta-feira destruiu, a sudoeste do Irã, a região em que está
situada a cidade histórica de Bam.
Um funcionário do Ministério
do Interior iraniano, que não quis
ser identificado, disse às agências
Reuters e France Presse que 50
mil poderiam ter morrido. Mas o
presidente da República islâmica,
Mohammad Khatami, afirmou
que por enquanto não há objetivamente razão alguma para uma
estimativa dessa magnitude.
O cálculo do funcionário anônimo se baseou na destruição de 10
mil domicílios em Bam e aldeias
mais próximas e também no fato
de cada domicílio ter em média
cinco moradores.
A televisão estatal iraniana afirma que 28 mil cadáveres já foram
sepultados em valas comuns e
que 2.000 pessoas foram resgatadas com vida desde sexta.
Segundo Ted Peran, coordenador das operações da ONU na região, é por enquanto também de
28 mil a quantidade inequivocamente confirmada de mortos.
De qualquer modo essa nova cifra já se distancia bastante dos 22
mil mortos anunciados no domingo e se aproxima dos 30 mil
previstos anteontem pelo Ministério do Interior. Poderão chegar
a 40 mil, segundo outra declaração de Khatami, reproduzida pela
France Presse.
Confusão
O Ministério do Interior não designou funcionários para quantificar os resultados das operações
de resgate e de sepultamento. A
confusão continua grande na região atingida. No terremoto de
1990, a noroeste do Irã, morreram
36 mil pessoas.
Entre os 100 mil sobreviventes
muitos pode ter morrido nas últimas horas em razão do frio, da
falta de medicamentos e da desnutrição, diz o governo iraniano.
Isso ocorre sobretudo com
crianças, cujas famílias não encontraram abrigo nas tendas doadas por governos e organizações
humanitárias internacionais.
Sobreviventes
O esforço dessas entidades e governos estrangeiros está agora
concentrado no auxílio aos sobreviventes.
Seis países do golfo Pérsico
anunciaram que enviariam
US$ 400 milhões. A ajuda foi
formalizada a partir de um
apelo lançado na Arábia Saudita pelo Conselho de Cooperação do Golfo.
"Há ainda muito o que fazer
nesse campo", disse Rob MacGillivray, consultor em Bam da
organização Save the Children
(salvem as crianças).
Bam está tendo suas ruas
limpas e varridas. Ainda há um
cheiro forte de cadáveres soterrados. Faltam água e comida,
além de outros mantimentos.
Os sepultamentos foram ontem bem poucos, enquanto
não se sabe quantos mortos
permanecem sob os escombros.
"Eu fui uma boa islâmica, rezei para Allah todos os dias.
Não sei a razão pela qual tudo
isso me aconteceu", lamentava
Alma Sepehr, 44, junto à vala
em que ela acreditava terem sido enterrados 21 parentes seus,
entre eles o marido, uma filha e
vários irmãos.
Com agências internacionais
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