UOL


São Paulo, quarta-feira, 31 de dezembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TERREMOTO

Funcionário do governo menciona 50 mil, cifra desmentida pelo presidente Khatami; ONU tem certeza de 28 mil

Irã perde a conta do número de mortos

DA REDAÇÃO

Continuavam ontem imprecisas as estimativas sobre o número de mortos no terremoto que na última sexta-feira destruiu, a sudoeste do Irã, a região em que está situada a cidade histórica de Bam.
Um funcionário do Ministério do Interior iraniano, que não quis ser identificado, disse às agências Reuters e France Presse que 50 mil poderiam ter morrido. Mas o presidente da República islâmica, Mohammad Khatami, afirmou que por enquanto não há objetivamente razão alguma para uma estimativa dessa magnitude.
O cálculo do funcionário anônimo se baseou na destruição de 10 mil domicílios em Bam e aldeias mais próximas e também no fato de cada domicílio ter em média cinco moradores.
A televisão estatal iraniana afirma que 28 mil cadáveres já foram sepultados em valas comuns e que 2.000 pessoas foram resgatadas com vida desde sexta.
Segundo Ted Peran, coordenador das operações da ONU na região, é por enquanto também de 28 mil a quantidade inequivocamente confirmada de mortos.
De qualquer modo essa nova cifra já se distancia bastante dos 22 mil mortos anunciados no domingo e se aproxima dos 30 mil previstos anteontem pelo Ministério do Interior. Poderão chegar a 40 mil, segundo outra declaração de Khatami, reproduzida pela France Presse.

Confusão
O Ministério do Interior não designou funcionários para quantificar os resultados das operações de resgate e de sepultamento. A confusão continua grande na região atingida. No terremoto de 1990, a noroeste do Irã, morreram 36 mil pessoas.
Entre os 100 mil sobreviventes muitos pode ter morrido nas últimas horas em razão do frio, da falta de medicamentos e da desnutrição, diz o governo iraniano.
Isso ocorre sobretudo com crianças, cujas famílias não encontraram abrigo nas tendas doadas por governos e organizações humanitárias internacionais.

Sobreviventes
O esforço dessas entidades e governos estrangeiros está agora concentrado no auxílio aos sobreviventes.
Seis países do golfo Pérsico anunciaram que enviariam US$ 400 milhões. A ajuda foi formalizada a partir de um apelo lançado na Arábia Saudita pelo Conselho de Cooperação do Golfo.
"Há ainda muito o que fazer nesse campo", disse Rob MacGillivray, consultor em Bam da organização Save the Children (salvem as crianças).
Bam está tendo suas ruas limpas e varridas. Ainda há um cheiro forte de cadáveres soterrados. Faltam água e comida, além de outros mantimentos.
Os sepultamentos foram ontem bem poucos, enquanto não se sabe quantos mortos permanecem sob os escombros.
"Eu fui uma boa islâmica, rezei para Allah todos os dias. Não sei a razão pela qual tudo isso me aconteceu", lamentava Alma Sepehr, 44, junto à vala em que ela acreditava terem sido enterrados 21 parentes seus, entre eles o marido, uma filha e vários irmãos.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Pesquisa: Bush e Hillary formam "casal" mais admirado
Próximo Texto: Para EUA, tragédia motiva diálogo inédito com o regime islâmico
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.