São Paulo, segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

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Colômbia nega interferência dos EUA

Alto comissário para a Paz do governo colombiano diz que atuação do país é independente em operação humanitária

Declarações são resposta a insinuações de Chávez; senadora Córdoba pede apoio a Uribe, mas crê que haja interferência externa

DA REDAÇÃO

O governo colombiano negou ontem a existência de pressões dos EUA ou da própria Colômbia para desestabilizar a operação de recuperação dos três reféns das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), coordenada pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez, e pela Cruz Vermelha Internacional.
As declarações foram feitas pelo alto comissário para a Paz do governo colombiano, Luis Carlos Restrepo, um dia após o presidente venezuelano insinuar que "atores internos ou externos à Colômbia" pudessem estar trabalhando contra o sucesso da operação, em referência a uma eventual intervenção norte-americana.
"Jamais tivemos pressões por parte de qualquer governo estrangeiro com relação a esta missão humanitária", disse Restrepo a jornalistas, em Villavicencio. Questionado sobre as declarações de Chávez, o comissário assegurou que "o governo colombiano está atuando de maneira autônoma" na condução do caso.
Anteontem, Restrepo negara a possibilidade de volta do presidente venezuelano ao posto de negociador oficial da troca dos demais reféns das Farc por cerca de 500 guerrilheiros presos -Chávez foi destituído da função em 21 de novembro pelo presidente colombiano, Álvaro Uribe, mas se disse disposto a "esquecer o que passou" caso fosse reconduzido.
Ao lado de Chávez na mediação, atuava a senadora colombiana de esquerda Piedad Córdoba, afastada na mesma data. Ontem em Villavicencio, Córdoba deu declarações de apoio a Uribe. "A estratégia para que as libertações dêem certo é rodear de apoio o presidente da Colômbia [e] não deixar as Farc sozinhas", disse.
A senadora não negou, no entanto, a existência dos tais "atores externos" mencionados por Chávez -disse ser "fundamental fazer ouvidos surdos a muitos setores que pressionam enormemente para que isso não avance e põem muito mais ênfase na guerra", sem identificar, contudo, quais seriam eles.
Capital do departamento (Estado) de Meta, no centro da selva colombiana -onde é forte a presença das Farc-, Villavicencio tem atraído parentes de outros seqüestrados pelas Farc.
"Esperamos que não voltem somente eles, mas todos", disse Maria Teresa Paredes, há nove anos sem notícias do marido, um coronel de polícia.
Aura Milena Martínez trouxe cartas para dois irmãos, reféns há dois anos. O filho do governador de Meta, Alan Jara, refém desde 2001, também está na cidade.


Com agências internacionais

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